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quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Hazkarat Neshamot Beerev Yom Kippur I- Kadish - Rabi Shalom Emanuel Muya...
RABINO SANTO E MILAGROSO PARA OS CATÓLICOS DE MANAUS
Manaus, 06 mar (RV) – Um rabino judeu-marroquino tornou-se "o santo milagroso" para o povo católico de Manaus, Amazonas, que há quase 100 anos enche de ex-votos sua sepultura.
"É impressionante _ admite Isaac Dahan, rabino da sinagoga de Manaus, capital do estado, cidade que conta mais de dois milhões de habitantes _ mas ele se tornou o santo judeu dos católicos da Amazônia."
A história de Shalom Emanuel Muyal começa em 1908, quando o rabino sefardim chegou ao Brasil, para conseguir um financiamento para uma escola de rabinos em Salé, sua cidade de origem, em Marrocos. Eram os tempos áureos da borracha, que enriqueceria toda a Amazônia. Manaus era uma das cidades mais sofisticadas do mundo, chamada Paris dos trópicos, embelezada por um teatro todo revestido de mármore de Carrara, e única cidade da América do Sul a ter um trem.
Mas o rabino Muyal morreu dois anos depois, de febre amarela. Como naqueles tempos não havia em Manaus um cemitério judaico, foi sepultado no cemitério católico, no centro da cidade. A mulher que o assistira até o último momento, uma judia que não teve medo de um eventual contágio, alguns dias após a morte do rabino foi procurada por uma pessoa que não conseguia mexer um dos braços, acometida por uma enfermidade. A mulher começou a massageá-lo e no final o homem voltou a movimentar o braço, como se não tivesse nada. A mulher judia disse que não tinha tais poderes, mas suspeitava que talvez os teria recebido do rabino Muyal, após sua morte, como agradecimento por sua corajosa assistência, durante sua doença.
Daí, teve origem um dos exemplos mais curiosos do sincretismo brasileiro, que associou aos santos cristãos as principais divindades do "candomblé" africano.
Com o passar dos anos foram aparecendo, no túmulo do rabino, os ex-votos "pelas graças recebidas". Mais tarde, para proteger o túmulo, os judeus construíram um muro, que de nada adiantou. Também este muro está carregado de ex-votos, por graças alcançadas por intermédio do rabino. O rabino é considerado um santo pelos fiéis católicos.
Em 1980, um neto do rabino que se tornou ministro dos transportes do governo Rabin, tentou convencer o Estado de Israel a transportar o corpo do "santo Shalom", de Manaus para aquele país. Mas esse desejo se chocou com o desejo da comunidade católica de toda a Amazônia.
O Brasil se tornou o primeiro país da América _ antes mesmo da América do Norte _ a ter uma sinagoga. Isso se deu em 1630, quando Pernambuco foi invadido pelos holandeses, abrindo as portas para muitos judeus que vieram em seguida. Uma segunda leva de judeus, se dirigiu para a Amazônia a cavalo, entre os séculos XIX e XX. Ainda hoje, 16% da população branca da Amazônia, descendem de judeus.
O primeiro cemitério judaico do país foi inaugurado em Belém do Pará, em 1848. Hoje, a maior parte dos 120 mil judeus presentes no Brasil, vive na Grande São Paulo, onde os judeus vivem em perfeita harmonia com os árabes, em geral ricos sírios e libaneses. (MZ)
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