segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Circuncisão

“A circuncisão, portanto, é um símbolo ou um sinal, indelevelmente marcado sobre a carne, da aliança eterna que o D'us de Israel fez, na aurora da história judaica, com o patriarca Abraão, ‘o primeiro judeu’, e através dele, com todos os seus descendentes para todo o sempre: ‘E vós sereis circuncidados na carne de vosso prepúcio; e será um símbolo da aliança entre Mim e vós.’ (Gênese, 17:11)” (Nathan Ausubel – p. 167)

Com base nesta citação, compreende-se bem a expressão judaica Brit Milá. Brit significa pacto e milá significa circuncisão: a junção do então menino de oito dias com o povo judeu em caráter definitivo. A prática do mandamento mais respeitado dentro da comunidade judaica, mobiliza toda a família do recém nascido.

De acordo com o parecer dos principais médicos do mundo, a circuncisão atende aos princípios básicos de higiene. O povo judeu segue nestes os preceitos de higiene, mas o principal foco da cerimônia, encontra-se no elevado sentido religioso da mesma. Um pacto indissolúvel com a virtude, o dever, com o seu próprio D'us. Neste pacto o povo de Israel encontrou o meio infalível de permanecer imortal.

A circuncisão, como todos os preceitos judaicos, é transmitida de geração em geração. Na história antiga do povo judeu, ela ocorria mesmo em tempos de perseguição ou conflitos. Dois exemplos claros são os do rei Antíoco IV [1] e do imperador romano Adriano [2]. O primeiro implementou a pena de morte para quem praticasse a circuncisão; e o segundo também proibiu esta prática.

Na antiguidade, cabia ao pai a responsabilidade de circuncidar seu filho. Hoje, cabe ao mohel esta tarefa. O mohel é um rabino treinado para este procedimento. Já o sandak é o responsável por segurar a criança enquanto a circuncisão é realizada, que, geralmente, cabe ao avô materno ou paterno.

Para que a circuncisão seja realizada, utiliza-se a maguen. A Maguen, que significa escudo, proteção, em hebraico, é um instrumento utilizado no ritual da circuncisão. Existem relatos do uso da maguen desde o século XV. Sua finalidade é proteger (daí a origem do nome) a glande do recém nascido no ato cirúrgico impedindo que ela seja ferida de algum modo. Várias são as formas e materiais utilizados em sua fabricação. Inicialmente utilizava-se pedaços de ossos e atualmente o material usado é o aço inoxidável [3].

Aparelhos utilizados na circuncisão

Uma expressão litúrgica da tradição judaica que antecede a sua própria constituição de nação, e que resistiu aos diversos domínios estrangeiros, perseguições e devastações como no período do primeiro e segundo templo. Este não foi sempre um momento só de obrigação religiosa, mas de uma reunião familiar e de fé em seu único D'us. Como revela a oração da circuncisão: “Bendito sejas tu Senhor, que hás consagrado teu bem amado desde seu nascimento. Gravando a lei em sua própria carne e imprimindo nos seus descendentes o selo de sua aliança” (Lei de Moisés e as Haftarot)

[1] Nathan Ausubel, descreve o Rei Antioco IV a partir de sua origem (selêucida) e como tendo provocado um período de revoltas e conflitos que teriam início à partir da proibição da circuncisão.

[2] A proibição da circuncisão também foi praticada pelo Imperador Adriano. Segundo Nathan Ausubel, além de uma perseguição implacável aos judeus, tratava a prática da circuncisão como crime capital.

[3] Fonte de pesquisa: Museu Judaico do Rio de Janeiro

Referências Bibliográficas:

MELAMED, Meir Matzliah (Rabino). Lei de Moisés e as Haftarot. Tradução. São Paulo, 1962
Revista Morashá, número 67 – Março/2010.
AUSUBEL, Nathan. Conhecimento Judaico II. A. Koogan Editor, Rio de Janeiro, 1964.

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