terça-feira, 18 de outubro de 2011

Rede das Judiarias de Portugal vai ser constituída em Fevereiro






A Rede das Judiarias de Portugal vai ser constituída em fevereiro, ficando sediada em Belmonte, disse à agência Lusa, Jorge Patrão, presidente da Entidade Regional de Turismo da Serra da Estrela.

A rede vai juntar os centros históricos de vários municípios numa associação sem fins lucrativos para defender o patrimônio judaico urbanístico e arquitetônico, disse aquele responsável, um dos dinamizadores da iniciativa. Pretende-se ainda definir programas culturais e turísticos com base na herança judaica.
Os membros fundadores, já confirmados, serão as entidades regionais de Turismo da Serra da Estrela, Douro, Oeste, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, os municípios de Belmonte, Guarda, Trancoso, Lamego, Penamacor, Freixo de Espada-à-Cinta e Castelo de Vide e a comunidade judaica de Belmonte. Outras entidades estão ultimando os respectivos processos” para aderirem à nova estrutura, adiantou Jorge Patrão. A rede terá sede em Belmonte, onde reside uma das mais antigas comunidades judaicas do mundo, que sobreviveu à inquisição.

O presidente da Entidade Regional de Turismo da Serra da Estrela considerou que a rede será uma ferramenta útil para “muitos centros históricos que estão desmantelados e precisam de recuperação".
A requalificação será conseguida “através de programas específicos da União Europeia: uma candidatura com uma temática, como o judaísmo, tem mais força do que recuperar só por recuperar”, destacou.
Por outro lado, “a rede permitirá ter uma nova aposta no setor turístico, tal como na Serra da Estrela, o judaísmo tem representado um crescimento do número de turistas complementar ao mercado da neve”, assinalou Jorge Patrão.
No entanto, o envolvimento de operadores turísticos será remetido para mais tarde.
Para já, os membros fundadores da rede ultimam os estatutos e preparam-se para a escritura pública a ter lugar em data a definir no mês de fevereiro.
“Penso que vamos conseguir ter uma associação sólida, à semelhança da que já existe em Espanha”, disse Jorge Patrão.
Amândio Melo, presidente da Câmara de Belmonte, manifestou-se satisfeito com a idéia, alertando, no entanto, que “não pode ser um simples movimento associativo. É necessário que os associados tenham uma tradição judaica para que a rede seja genuína”.

Belmonte espera que 2011 seja o ano da construção de um hotel kosher, de tradição judaica, um projeto privado que está sendo apreciado pelo município, disse à agência Lusa o presidente da autarquia, Amândio Melo.
Em Belmonte reside uma das comunidades judaicas mais antigas do mundo, hoje com 140 pessoas. Os antepassados sobreviveram à Inquisição, celebrando o cristianismo em público e preservando o culto judaico em casa, escondido e ensinado pelas mães de geração em geração. Foi assim até a década de 1970. Hoje existe em Belmonte uma sinagoga que chega a juntar 50 judeus nas tradicionais rezas de cada sábado, e tem ainda, de portas abertas, um museu judaico. Os dois espaços são visitados por cerca de 15 mil pessoas todos os anos, desde turistas estrangeiros a alunos de escolas de norte a sul do Portugal.
"Cerca de 40% dos visitantes estão de alguma forma ligados à tradição judaica", sublinha Amândio Melo, presidente da Câmara de Belmonte, vila que vai ser sede da Rede de Judiarias de Portugal, a constituir-se em fevereiro Não espanta por isso que se anseie por ver no terreno pelo menos o projeto (já revelado por empresários ao município) de construção de um hotel kosher. "Cada vez mais somos visitados por pessoas que acham que isto lhes diz respeito e, por isso, precisamos de alojamento e oferta de alimentação adequada", destaca Amândio Melo. A Câmara já recebeu dois Projetos "para recuperação de edifícios para fazer pequenos hotéis, e há pelo menos um em fase avançada", que se debate agora com a captação de capitais.

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