sábado, 17 de maio de 2014

Shabat Shalom ve Lag Baomer Sameach...

A SABEDORIA DOS SALMOS

“Lance seu fardo sobre o Todo-Poderoso e Ele carregará você; Ele nunca deixará o justo escorregar (Salmo 55:23)”.

Durante o curso de nossas vidas enfrentamos muitos desafios, que variam de fáceis a difíceis. Às vezes, as dificuldades que enfrentamos são tremendas e esmagadoras. No entanto, seguimos o nosso caminho, tentando o melhor que podemos sobreviver e ter sucesso.

Contudo, os desafios difíceis podem nos consumir e exaurir nossas forças. Baseados na experiência e vivência humanas, buscamos – às vezes desesperadamente - alguma estratégia que nos ajude a percorrer um caminho seguro e livre de problemas.


O Rei David nos oferece um bom e eficiente conselho a este respeito: “Lance o seu fardo sobre o Todo-Poderoso e Ele carregará você”. Ao invés de enxergarmos o sofrimento como um fardo que devemos carregar sozinhos, o Rei David nos orienta a mudarmos a nossa perspectiva: que fortaleçamos nossa fé que D'us, o nosso misericordioso Criador, está sempre por perto e que carregará nossas cargas de bom grado.

Ao transferirmos nossos fardos para a jurisdição poderosa do Criador, nos desconectamos da tensão e estresse dos nossos problemas. D'us, que é onipotente, certamente pode suportar todas estas cargas e Ele está apenas aguardando que Lhe peçamos ajuda.


Shabat Shalom a todos!

Baseado nos comentários do Radak,
Rabino David Kimhi (França, 1160-1235) sobre os Salmos



Sábado, dia 18 de Iyar, é Lag B’Omer – uma das datas mais festivas no calendário judaico. Nas semanas entre Pessach e Shavuot, 24.000 alunos de Rabi Akiva faleceram. A peste que matou os alunos de Rabi Akiva cessou no dia 18 de Iyar – o 33o dia da Contagem do Omer – Lag B’Omer.



Lag Ba’Omer é o 33º dia da contagem do Omer. É um dia semifestivo, no meio do período do Omer, que interrompe por um dia o luto que marca o período. A partir deste dia, nos é permitido cortar o cabelo, escutar música, realizar festas e cerimônias de casamento.




Um dos motivos pelos quais o 33º dia é considerado alegre é justamente porque, nesse dia, cessou a calamidade que se abatera sobre os alunos do Rabi Akiva. Mas o que houve exatamente com os discípulos do grande Rabi?
O Talmud, no tratado de Yevamot, conta que Rabi Akiva tinha 24 mil alunos e que todos faleceram no mesmo período, entre Pessach e Lag Ba’Omer, por não tratar com respeito os seus semelhantes. Segundo R. Nachman, todos morreram por askera, morte por asfixia. Sim, são 24 mil alunos! Não houve erro de digitação no número acima. Não são 2.400, nem 240, são exatamente 24 mil os alunos de Rabi Akiva e todos faleceram no mesmo período – um episódio realmente triste e assustador!




O livro Iyun Yaacov, em seu comentário sobre o Talmud, analisa os acontecimentos que ocorreram com os discípulos do Rabi Akiva e o motivo pelo qual teriam sido punidos de maneira tão severa. Desrespeitar o próximo é algo muito desprezível, mas será que isto merece maciça condenação à morte?

O falecimento de um Tzadik deveria servir como forma de inspiração para toda a sua geração, para que cada pessoa refletisse e chegasse à seguinte conclusão: “Se um sábio tão grande pode ser retirado do mundo, um sábio cujos atos, sem sombra de dúvida, são melhores do que os meus, cujo compromisso com D’us e seus mandamentos é mais firme do que o meu, cujo conhecimento da Torá é mais vasto do que o meu, o que dizer então de uma simples pessoa com eu?” Este despertar irá inspirar a Nação no sentido do arrependimento e só assim será concluído o processo da expiação.

Na época de Rabi Akiva, seus discípulos eram os maiores sábios de sua geração. Não eram somente alunos do maior erudito da época; eles próprios eram também grandes sábios. O Talmud conta que o mundo ficou vazio e desprovido de sabedoria e conhecimento da Torá após o falecimento dos alunos de Rabi Akiva.

Mas, como vimos antes, o Talmud relata que os discípulos de Rabi Akiva tinham uma falha. Não tratavam com respeito uns aos outros, nenhum considerava o outro como “mais importante e especial”.


Cada um dos discípulos de Rabi Akiva tinha sua própria convicção de que estava correto e deduzia, naturalmente, que o colega estivesse errado. Portanto, não respeitavam uns aos outros. De acordo com o princípio “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” tinham a obrigação de retificar o outro, mostrando-lhe o bom caminho. Isto não é, de forma alguma, uma má idéia.

Entretanto, quem disse que era aquele determinado discípulo quem estaria correto? Porque acreditava que seu caminho era o verdadeiro e não o do seu colega? O desrespeito aos colegas lhes foi fatal. Apesar de aparentemente bem-intencionados, não tinham direito de faltar com o respeito ao outro e deveriam aceitar as opiniões alheias e a sua maneira de viver e de agir.

A lição é clara! Vemos a importância de respeitar e valorizar nossos semelhantes e quão vital é não deixar que nossos sentimentos pessoais anulem uma oportunidade de inspiração. Mesmo já passados milhares de anos, o drama dos discípulos de Rabi Akiva conti-nua inspirando-nos, no sentido de melhorarmos nossas atitudes e nossa vida coletiva e social.

Rabino Avraham Cohen


A segunda grande personalidade cuja vida celebramos em Lag Baômer é Rabi Shimon bar Yochai, que faleceu nesta data.

Como Rabi Akiva, seu mestre, Rabi Shimon sofreu perseguição por parte dos Romanos. Sua cabeça foi colocada a prêmio, e Rabi Shimon precisou esconder-se.

Nas colinas ao norte de Israel, Rabi Shimon e seu filho, Rabi Elazar, ocultaram-se em uma caverna por muitos anos, durante os quais estudaram Torá dia e noite. D'us realizou muitos milagres para eles: uma alfarrobeira cresceu na entrada da caverna para alimentá-los, e a água foi fornecida pela criação de uma fonte de água fresca da montanha. Eliyáhu, o profeta, apareceu a eles, ensinando-lhes mistérios secretos da Torá.

Após doze anos na gruta, Rabi Shimon soube que o imperador romano que havia decretado sua morte não mais vivia. O perigo havia passado; Rabi Shimon e seu filho podiam agora deixar a caverna.

Rabi Shimon Bar Yochai não apenas atingiu pessoalmente o mais elevado entendimento dos segredos da Torá, expressso em sua obra mística, o Zôhar, como tornou-se o mais ilustre mestre de Torá de sua geração. No último dia de sua vida, Rabi Shimon reuniu seus alunos e disse-lhes: "Até o dia de hoje, tenho mantido os segredos em meu coração. Mas agora, antes de morrer, desejo revelar todos eles." 


O Zôhar, que significa "esplendor" ou "brilho", tornou-se a base da espiritualidade ímpar da Chassidut, fundada no século XVIII por Rabi Yisrael ben Eliezer, o "Báal Shem Tov", no Leste Europeu.


COSTUME DE LAG BAOMER

É costume levar as criancas a passeios a parques e espaços abertos para brincar com arcos e flechas. Conta-se que durante a vida de Rabi Shimon nenhum arco-íris apareceu no céu. O arco-íris é símbolo de falha humana: conforme relatado em Bereshit, D'us, após a destruição da geração do Dilúvio, prometeu que mesmo que a humanidade tornasse a ser imerecedora Ele colocaria o arco-íris no céu como um pacto de Seu voto de jamais destruir Seu mundo novamente. Mas enquanto Rabi Shimon estava vivo, seu mérito foi suficiente para assegurar que D'us não se arrependeria de Sua criação.

O ensinamento chassídico vê outra ligação do arco: ele funciona sob o princípio de "recuar para poder avançar" - ao empurrar a flecha para trás, rumo ao próprio coração, o arqueiro a impele a uma grande distância, para golpear o coração do inimigo. A essência mística da Torá, disseminada por Rabi Shimon, funciona pelo mesmo princípio. A pessoa deve mergulhar em si mesma, recolher-se a sua essência e lá descobrirá a "centelha Divina” que possui. Esta descoberta confere o poder de derrotar o adversário mais obscuro e transformá-lo em algo bom e positivo.


Costuma-se comer ovos cozidos em Lag Baômer, pois o ovo é sinal de luto – neste dia, em memória a Rabi Shimon Bar Yochai. Ainda em vida, ele pediu que esse dia fosse celebrado com muita alegria. Para cumprir seu pedido, enfeitamos as cascas dos ovos. Há o costume de serem cozidos com com cascas de cebola, a fim de deixá-los coloridos.

Durante o período do Ômer é proibido o corte de cabelos em sinal de luto pelas mortes dos discípulos de Rabi Akiva. Lag Baômer, entretanto, é um dia de júbilo, no qual todo o luto é suspenso. Por esta razão em Lag Baômer há sempre muitos garotos de três anos que estão esperando desde Pêssach para terem seu primeiro corte de cabelo.

A cidade de Meron recebe centenas de meninos para a cerimônia de opsherenish, reunindo milhares de pessoas que dirigem neste local preces o ano todo, especialmente nesta época do ano. É um grande mérito realizar a mitsvá de corte de cabelo no local onde se encontram sepultados Rabi Shimon e seu filho Elazar

Att,
Nilson Muszkat.