segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Meu Relato, Sobre os Filmes: Êxodo, Deuses & Reis, O Menino do Pijama Listrado!

Neste Domingo Assisti dois Filmes, um no Cinema, e outro um DVD em Minha casa, Ambos Abordam Assuntos Que acredito que todos os Seres Humanos, deveriam Saber.

Vou Começar pelo Primeiro Filme Que Vi...

Moisés Êxodo: Deuses e Reis

Embora o Filme tenha sofrido criticas de vários religiosos, de diversas religiões, ele mostra o quão patético, é ficar de braços cruzados, esperando pelos céus, quando podemos, fazer a nossa parte, muitos religiosos, de diversas religiões cobram de D'us, isto ou aquilo, acreditando que ele é o responsável, por fazer a parte da pessoa, e quando nada acontece ai vem o ceticismo, o ateísmo, e etc ...
Acredito que o choque inicial da maioria se atém ao costume que temos de uma leitura apaixonada dos acontecimentos descritos em Shemot, enquanto que o filme buscou uma visão mais racional dos fatos ao colocar um Moshê mais combativo, um povo que se antecipa aos acontecimentos e milagres "não tão milagres". Para as pessoas, ao fazer isto o diretor contrariou a Torah, quando na verdade, esta é só uma maneira de ver os acontecimentos. Para mim, em momento algum ele contraria a Torah, apenas a confirma, sob uma ótica racional.
A respeito da travessia, do intermediário e sobretudo da vitória do nosso povo. Achei lindo e bem explicado apesar de ter sido por uma visão restritamente 'humana' e científica. Somos acostumados aos efeitos de Hollywood , dai isso causou uma certa '' decepção'' , porém, o Eterno age humanamente usando seus milagres para que nós O compreendamos ...
Lembrem-se que Moshê havia sido '' ensinado '' na cultura egípcia; logo , ele via D'us de forma bem diferente dos seus parentes. A criança que aparece no filme, não o espantou, era assim que ele assemelhou o D'us do monte. Acredito que não menosprezou a Grandeza do Eterno, uma vez que Ele é imensuravelmente inconfundível ! '' Vemos D'us muitas vezes por um ângulo ao qual somos ensinados ... ''
Eu, justamente achei este filme muito mais fiel à pontos ressaltados na narrativa bíblica do que os demais do gênero!!!
Um exemplo disso, a meu ver, são os próprios relatos do Midrash Rabá que procuram passar um visão um tanto não literal do texto da Torá. De forma que cabe a quem vê os filmes ou ao leitor de uma obra fictícia, desenvolver o próprio senso crítico.
O Eterno não usa muitos milagres para não acabar com a opção do homem escolher entre o certo e o errado, mostrando assim seu real valor. 
O homem e seu desenvolvimento são os focos da Criação!
Vale lembrar que o filme é uma releitura! O diretor não é obrigado a ser totalmente fiel à Torah. E o filme da uma verdadeira aula sobre o livre arbítrio, realmente fantástico!
O que a gente tem que entender é que sempre que alguém conta algo, já está fazendo uma nova versão, que passou por seus filtros emocionais, culturais. Por isso há tantas vertentes, mesmo dentro do judaísmo!
Acredito que de tudo pode se tirar um bom proveito! E realmente retirei um bom proveito do filme ao qual assisti.
Mas esta naturalidade nos milagres faz parte do conceito talmúdico que diz que Hashem 'naturaliza' os milagres!
Ele mostra o lado de Moisés que muitos não conhecem um grande estrategista de guerra,um grande general.
D'us não intervém em nosso mundo. O grande milagre não foi a Tsunami que abriu o Yam Suf (Mar vermelho) mas sim, os Filhos de Israel estar naquele lugar, naquela hora. A probabilidade disso ocorrer é 1:100000000000000000000000000000000000... Mas mesmo assim, aconteceu.
E mais uma vez aprendemos, que devemos reagir, com fé com esperança, e com Labuta!
Não podemos cruzar-mos os nossos braços, e ficarmos, esperando que os céus, se movam, quando podemos fazer a nossa parte, posso citar aqui uma série de exemplos quanto a isso, quantas pessoas rezam querendo trabalho, mas não tem a coragem de sair para procurar, não tem a coragem, de procurarem uma qualificação melhor, e ficam "brigando com D'us", como se ele fosse o responsável, em fazer a famosa Mágica, muitos pensam em D'us, como um mágico, como se ele fosse o Harry Potter, quantas pessoas rezam pedindo casamento, mas não olham para os lados, criam verdadeiras "barreiras", de proteção o que impede, que alguém se chegue a ela, e ficam "brigando com D'us", achando que ele é o responsável, do príncipe ou da princesa encantada, e assim encontramos diversas situações na vida aonde vemos, que as pessoas se acomodam, e que na verdade preferem tudo de mão beijada.
Para Mim esta releitura da Vida de Moshê pelo Cinema, nada mais é do que uma lição de fé, uma lição, que devemos manter-mos a nossa fé, mas que não podemos cruzar, os braços, e ficar-mos esperando que tudo seja servido de Bandeja, em nossas Mãos.
Por isso Lute pelos seus sonhos, foque neles, trace metas e objetivos, exerça, a cobrança pessoal, para que você possa realizar, seus anseios.




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O outro filme que assisti hoje, foi: O Menino do Pijama Listrado.
Um Filme verdadeiramente impactante, que nos faz, pensar, como o ódio gratuito, devasta o carácter humano, de qualquer pessoa ou nação.
Devemos não apenas sermos chamados de Seres Humanos, mas necessitamos sermos humanos, de verdade.
Não coloque dentro de você sentimentos, de ódio, magoa, desprezo, pelas pessoas, não tenha asco das pessoas, pela cor da pele, pela religião dela, que possamos, sermos verdadeiros humanos, ame o próximo de verdade, seja cordial, seja gentil, seja educado.
Mesmo que as pessoas, façam algo para te magoar, tente agir, com amor, mostrando que seu coração, é bom, não apenas, para mostrar, mas seja realmente bom, é fácil escrever e ler, nem sempre é fácil, faze-lo.
Porém quando temos, preconceitos, disto ou daquilo, nos assemelhamos, aos nazistas, que por simples, ódio gratuito, tentaram, aniquilar uma nação inteira, e Porque?
Será que alguém poderá um dia responder está pergunta?
Porque?
Aprendamos, e ensinemos nossos filhos sobre o Holocausto, para que isto nunca mais torne a se repetir, que nunca mais, a sociedade fique indiferente pelo sofrimento alheio, e o melhor, para começarmos a lutar contra tudo isso, é parar-mos de pensar-mos no nosso próprio umbigo, e começar-mos a nos preocupar-mos mais com o nosso semelhante.
Faça um Exercício prático, se examine, e veja o porque manter preconceitos, dentro de você, contra este e contra aquele!
Será que existe motivo, você manter uma barreira, um preconceito, simplesmente pelo fato do outro ser humano, ser diferente de você?
Veja como Você pode ser uma pessoa melhor, e desta maneira, fazer deste mundo um mundo melhor!
Ao invés de cultivarmos raízes de amargura, cultivemos o AMOR!
Espalhe, o Amor!!!
Faça Amor e Não Guerra!
Que possamos unidos derrubarmos, as barreiras, que nós mesmos, levantamos!
Uma Boa Reflexão!

Meu Cordial Shalom, A Todos!

Am Yisrael Chai!

Por: Nilson Muszkat



quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A cisticercose

Pαrα quem αchα que cαrne de porco não fαz mαl, que é muito boα, vejαm αí. É mαis frequente este problemα do que muitos pensαm.
Olhα o que os vermes dα CARNE DE PORCO podem fαzer no cérebro humαno... Isso não é cαso rαro, é mαis comum do que você possα imαginαr.
Não αcredite nα bαlelα de que os porcos de hoje são limpos e de que cozinhαndo bαstαnte não se tem risco. MENTIRA. Esses vermes são nαturαis nos porcos, independente de suα criαção e αlimentαção, e os ovos dos vermes conseguem sobreviver α αltíssimαs temperαturαs, protegidos pelα gordurα do αnimαl. 
A cisticercose é cαusαdα pelα ingestão αcidentαl dos ovos dα Tαeniα solium: plαtelminto que tem como hospedeiros intermediários os suínos. Assim, αo se ingerir os ovos dα T. solium, este pαrαsitα se encαminhα do trαto digestório à corrente sαnguíneα, e se αlojα em órgãos como cérebro, olhos, colunα ou músculos.
A incidênciα, obviαmente, diminuiu nos últimos αnos, MAS VC QUER BRINCAR DE ROLETA RUSSA COMENDO UMA CARNE QUE PODE ESTAR INFECTADA COM ESSES PEQUENOS MONSTROS???


SEFER SHEMOT – Parashat Shemot (Nomes)

Parashat Shemot (Nomes)

A primeira parashá do segundo livro da Torá elenca os nomes dos filhos de Israel que chegam ao Egito. Imediatamente nossos sábios se põe a questionar o motivo de a Torá usar uma linguagem no presente para registrar esta chegada. A principal resposta que apresentam é que esta linguagem nos da a entender que durante todo o tempo que nossos antepassados viveram no Egito, eles mantiveram os conhecimentos obtidos através dos ensinamentos de seus pais e não se deixaram influenciar negativamente pelas tradições idolatras comuns ali. Estes conhecimentos lhes conferiram o respeito do povo egípcio até tal ponto que fez com que Yaakov e posteriormente seu filho Yossef pedissem para após sua morte, serem enterrados fora do Egito, para que não viessem a ser objeto de idolatria dos egípcios, vez que contribuíram para o crescimento da pátria das piramides nos anos da extrema fome.
Infelizmente, após algumas gerações de tranquilidade e prosperidade dos filhos de Israel, a inveja egípcia fez com que se criasse um ambiente hostil em relação aos estrangeiros e até mesmo a importância de Yossef é removida da memória do povo que passa a oprimir seus descendentes, com medo de perder espaço e poder para os mesmos. Os magos do Faraó lhe revelam o nascimento de um menino que acabará por libertar o seu povo da opressão egípcia. O líder imediatamente institui uma lei obrigando as parteiras a jogarem os meninos recém nascidos hebreus no rio afim de impedir que a profecia se realize. Contudo, pelas mãos de sua própria filha um menino hebreu é salvo e ela o chama de Moshé, que significa retirado das águas. Ele cresce dentro do palácio real e passa a se compadecer da causa de seu povo, agora escravo no Egito. Depois de salvar um escravo oprimido do chicote de um soldado egípcio, Moshe foge para Midian, onde conhece sua futura esposa e posteriormente é contactado por Deus no monte Sinai, por meio da revelação Divina no arbusto em chamas que não se consumia pelo fogo. Ali mesmo lhe é ordenado que retorne ao Egito para pleitear junto ao Faraó a libertação de seu povo oprimido e efetivamente conduzi-los a terra que fora prometida a seus ancestrais.

Depois de estudarmos em Bereshit o desenvolvimento de nossa identidade espiritual pelos precursores da mesma e a forma como lidavam com seus erros e aprenderam com eles a evoluir sua consciência, afim de não mais repeti-los. Após a calmaria vivida e o falecimento de Yossef, o povo prosperou pela sua união a tal ponto de fazer o Egito teme-los pela força de sua reunião e invejar esta condição. Devemos prestar atenção mais uma vez no fato de a inveja causar o mal ao povo, vindo a tornar-se motivo da opressão egípcia e posteriormente também da salvação Divina pelas mãos do maior e mais humilde profeta que tivemos, Moshe.
Deus nos permita viver esta humildade profunda e sincera que sempre revelou a verdadeira grandeza de nosso mestre Moshe e que nos protege de sentir inveja e contaminar nossa alma com o mal.

Shabat Shalom Umevorách!

Sami Cytman

Leilui Nishmát (pela elevação espiritual de): Rabi Yaakov ben David, Brucha bat Nuchem Z”L, Yochevet bat Chaim Z”L, Michael ben Moshe Z”L, Fichl ben Shmuel Michael Hacohen Z”L.

Estudo dedicado ao pedido de Refuá Shlemá (cura completa) de: Moshe Savoia ben Shulamit, Eliezer Savoia ben Shulamit, Shlomo ben Noach, Shlomo ben Tzipora, Ahuva bat Guetzel, Sima bat Tzipora, Sara bat Miriam, Yakov Oren ben Avraham e todos os enfermos que vierem ao pensamento de quem ler esta mensagem.


Shemót

Nesta semana iniciamos a leitura de Shemót, o segundo livro da Torá. Seu nome grego, Êxodo, talvez faça mais jus ao assunto majoritariamente tratado nele: a saída do povo hebreu do Egito.

Na parashá acompanhamos o início da grande epopeia bíblica, talvez a mais famosa das histórias do Tanach: após a morte de Yossêf, o povo hebreu se multiplicou enormemente no Egito.

Após algum tempo, um novo faraó, que não conheceu Yossêf, temeroso de que os hebreus se levantassem para tomar o trono egípcio, ou que se juntassem aos inimigos do Egito para conquistá-lo, decretou a morte de todo menino recém-nascido, com o objetivo de conter o crescimento populacional hebreu.

Embora a Torá deixe claro esta preocupação do faraó, o Midrash Shemót Rabá conta que o rei egípcio havia sido avisado por seus astrólogos que entre os recém-nascidos encontrava-se aquele que libertaria os israelitas da escravidão.

Cecil B. De Mille, em seu clássico Os Dez Mandamentos, coloca esta como uma das primeiras cenas de seu filme. É natural que o midrash dê mais material para Hollywood do que a Torá. Quem conhece bem o texto bíblico percebe inúmeros outros midrashím no decorrer da grande obra de 1956.

Isso fica claro nos créditos de abertura: “Aquele que assistir a este filme fará uma peregrinação pelas terras que Moisés percorreu há mais de 3000 anos, conforme os antigos textos de Filo, Josefo, Eusébio, do Midrash e das Sagradas Escrituras”.

Podemos nos orgulhar de nossa tradição por sermos um povo que não busca somente a literalidade em seu livro sagrado, mas que participa dele, em uma constante construção e recriação do texto.

Em cada geração reinterpretamos as vozes e os silêncios da Torá, modificamos os significados de suas histórias, criamos narrativas paralelas para dar coesão ao texto bíblico, base de nossa língua comum, de nossa identidade histórica e geográfica, de nossas ações, de nossas crenças e descrenças.

Muito antes de Hollywood nossos sábios já utilizavam a liberdade artística, imortalizando suas percepções pessoais e suas fés individuais.

De Mille quis que a voz de Deus fosse a de Charlton Heston, o próprio Moisés. Em O Príncipe do Egito, os diretores vislumbraram uma voz divina ao mesmo tempo forte e suave, masculina e femina, uma dupla voz que ecoa em uníssono, bedibúr echád. Nolan preferiu que a voz do Criador saísse dos lábios de uma criança (às vezes birrenta) que andava e vivia no meio de Seu povo.

Quem era Deus para Moisés, para De Mille, para Nolan, para Chapman, Wells e Hickner? E quem é Ele para cada um de nós? E Ele mesmo nos responde: “Serei Aquilo que Serei” (Ex 3:14).

Shabat Shalom
Moré Theo Hotz


Quem Sou Eu? | Parashá Shemot - Êxodo 1:1-6:1

Por: Rabino Jonathan Sacks

A segunda pergunta de Moshê a D'us na sarça ardente foi: Quem é você? “Então eu vou até os israelitas e direi: ‘O D'us de seus pais me enviou a você.’ Eles perguntarão imediatamente qual é o Seu nome. O que devo dizer a eles?”1
A resposta de D'us, Ehyeh asher ehyeh, erradamente traduzido em quase toda Bíblia cristã como “Eu sou Aquele que sou,” merece por si só um artigo (trato disso em meus livros Tempo Futuro e A Grande Parceria).
Sua primeira pergunta, porém, foi Mi anochi2, “Quem sou Eu?”
“Quem sou para que eu deva ir ao faraó?” disse Moshê a D'us. “E como posso tirar os israelitas do Egito?” Na superfície o significado é claro. Moshê está perguntando duas coisas. A primeira: Quem sou eu para ser merecedor de missão tão grande? A segunda: Como posso conseguir isso?
D'us responde à segunda. “Porque Eu estarei com você.” Você conseguirá porque não estou pedindo que o faça sozinho, Não estou realmente pedindo que você o faça, Eu farei por você. Quero que seja Meu representante, Meu microfone, Meu emissário e Minha voz.
D'us jamais respondeu à primeira pergunta. Talvez numa maneira estranha o próprio Moshê tenha respondido. No Tanach como um todo, as pessoas que terminam sendo as mais merecedoras são aquelas que negam ser merecedoras. O Profeta Yeshayahu, quando foi encarregado de sua missão, disse: “Sou um homem de lábios impuros”3. Yirmiyahu disse: “Não posso falar, pois sou uma criança”4. David, o mais notável rei de Israel, evocou as palavras de Moshê, “Quem sou eu?”5 Yonah, enviado por D'us a uma missão, tentou fugir. Segundo Rashbam, Yaacov estava a ponto de fugir quando teve seu caminho bloqueado pelo homem/anjo com quem lutava à noite6.
Os heróis da Torá não são figuras da mitologia grega nem de qualquer outra. Não são pessoa possuídas por um senso de destino, determinados desde cedo a atingir a fama. Eles não têm aquilo que os gregos chamavam de megalopsique, um senso do próprio valor, uma superioridade graciosa e usada com leviandade. Não estudaram em Eton ou Oxford. Não nasceram para mandar. Eram pessoas que duvidavam das próprias habilidades. Houve vezes em que estiveram a ponto de desistir. Moshê, Elijah, Yirmiyahu e Yonah chegaram a tamanho desespero que rezaram pedindo para morrer. Eles se tornaram heróis da vida moral contra a vontade. Havia trabalho a ser feito – D'us lhes disse isso – e eles o fizeram. É quase como se um senso de pequenez fosse um sinal de grandeza. Portanto D'us jamais respondeu à pergunta de Moshê: “Por que eu?”
Mas há uma outra questão dentro da pergunta. “Quem sou eu?” pode não ser apenas uma questão sobre valor. Pode ser também uma pergunta sobre identidade. Moshê, sozinho no Monte Horeb/Sinai, chamado por D'us para tirar os israelitas do Egito, não está apenas falando com D'us quando pronunciou aquelas palavras. Está também falando consigo mesmo: “Quem sou eu?”
Há duas respostas possíveis. A primeira: Moshê é um príncipe do Egito. Ele foi adotado ainda bebê pela filha do faraó. Ele cresceu no palácio real. Vestia-se como um egípcio, parecia e falava como um egípcio. Quando ele resgatou as filhas de Yitrô de alguns pastores maus, elas voltam e dizem ao pai: “Um egípcio nos salvou7.” Seu próprio nome, Moshê, foi dado pela filha do faraó8. Era, presume-se, um nome egípcio (de fato, como em Ramses, é a antiga palavra egípcia para “criança”. A etimologia dada na Torá, que Moshê significa “Eu o tirei da água”, nos diz o que a palavra sugeria aos falantes de hebraico). Portanto a primeira resposta é que Moshê era um príncipe egípcio.
A segunda foi que ele era um midianita. Pois, embora fosse egípcio por criação, tinha sido forçado a partir. Ele fizera seu lar em Midian, casara-se com uma midianita, Tsipora, filha de um sacerdote midianita e estava “contente por viver ali”, calmamente como pastor. Tendemos a esquecer que ele passou muitos anos ali. Saiu do Egito quando jovem e já tinha oitenta anos no início da sua missão quando pela primeira vez ficou perante o faraó9. Ele deve ter passado a maior parte da vida adulta em Midian, longe dos israelitas por um lado e dos egípcios por outro. Moshê era um midianita.
Portanto quando Moshê pergunta: “Quem sou eu?” não se trata apenas que ele se sente indigno. Ele não se sente envolvido. Ele pode ter sido judeu por nascimento, mas não tinha sofrido o fado de seu povo. Não tinha crescido como judeu. Não tinha vivido entre os judeus. Tinha bons motivos para duvidar que os israelitas iriam sequer o reconhecer como um deles. Como, então, pôde se tornar líder deles? Levando mais a fundo, por que ele deveria sequer pensar em ser líder deles? O destino deles não era o dele. Não fazia parte daquilo. Não era responsável por isso. Não tinha sofrido por isso. Não estava implicado naquilo.
E além disso, a única vez em que tentara intervir nos assuntos deles – matara um capataz egípcio que tinha matado um escravo israelita, e no dia seguinte tentara impedir dois israelitas de brigarem entre si – sua intervenção não foi bem aceita. “Quem fez de você chefe e juiz acima de nós?” disseram eles. Essas são as primeiras palavras registradas de um israelita a Moshê. Ele ainda não sonhava em se tornar líder e sua liderança já estava sendo questionada.
Considere, agora, as opções que Moshê enfrentou na vida. Por um lado poderia ter vivido como príncipe do Egito, no luxo e na indolência. Este teria sido seu destino se não tivesse intervindo. Mesmo depois, tendo sido forçado a fugir, ele poderia ter passado os dias quietamente como pastor, em paz com a família midianita na qual tinha se casado. Não surpreende que quando D'us o convidou a liderar os israelitas à liberdade, ele resistiu.
Por que então ele aceitou? Por que D'us sabia que ele era o homem para a tarefa? Uma pista está no nome que ele deu ao seu primeiro filho. Chamou-se de Gershon porque, ele disse, “Eu sou um estranho numa terra estrangeira10.” Ele não se sentia em casa em Midian. Era onde ele estava, mas não quem ele era.
Porém a verdadeira pista está contida num versículo anterior, o prelúdio para sua primeira intervenção. “Quando Moshê estava crescido, ele começou a ir até seu próprio povo, e via seu trabalho duro11.” Essas pessoas eram seu povo. Ele pode ter tido a aparência de um egípcio, mas sabia que não era. Foi um momento transformador, não diferente daquele em que a moabita Ruth disse à sua sogra israelita Naomi: “Teu povo será o meu povo e teu D'us o meu D'us12.” Ruth era não-judia por nascimento. Moshê era não-judeu por criação. Mas ambos souberam, quando viram sofrimento e se identificaram com o sofredor, que não poderiam fugir.
Rabino Joseph Soloveitchik chamou isso de um pacto do destino, brit goral. Está no coração da identidade judaica até hoje. Há judeus que acreditam e aqueles que não acreditam. Há judeus que praticam e há judeus que não o fazem. Mas na verdade há poucos judeus que, quando seu povo está sofrendo, conseguem sair dizendo: “Isso não tem nada a ver comigo.”
Maimônides, que define isso como “separar-se da comunidade”, diz que é um dos pecados pelos quais lhe é negada uma parte no Mundo Vindouro. É isso que significa a Hagada quando fala do filho perverso que “porque ele se exclui do coletivo, nega um princípio fundamental da fé.” Qual princípio fundamental da fé? A fé no destino coletivo do povo judeu.
Quem sou eu? Perguntou Moshê, mas em seu coração ele sabia a resposta. Eu não sou Moshê o egípcio, ou Moshê o midianita. Quando vejo meu povo sofrer eu sou, e não posso ser outro, que Moshê o judeu. E se isso impõe responsabilidades sobre mim, então devo carregá-las. Pois eu sou quem eu sou porque meu povo é quem ele é.
Esta é a identidade judaica, então e agora.
NOTAS:
1. Shemot 3:13
2. Shemot 3:11
3. Yeshayahu 6:5
4. Yirmiyahu 1:6
5. Samuel II, 7:18
6. Rashbam sobre Bereshit 32:23
7. Shemot 2:19
8. Shemot 2:10
9. Shemot 7:7
10. Shemot 2:22
11. Shemot 2:11
12. Ruth 1:16

Sidrá da Semana: Parashá Shemot - Êxodo 1:1-6:1
Leitura da Torá para a semana de 04-10 Jan, 2015 – 13-19 Tevet, 5775
Shalom Uvrachot Lekulam!
Viva o Judaísmo! O Judaísmo faz bem! Judaísmo é Atitude!
Apaixone-se pelo Judaísmo, pratique Torá!


Je suis Charlie.



Parashat da Semana.

PARASHÁ DA SEMANA

"Nesta semana iniciamos a leitura de Shemót, o segundo livro da Torá. Seu nome grego, Êxodo, talvez faça mais jus ao assunto majoritariamente tratado nele: a saída do povo hebreu do Egito.
Na parashá acompanhamos o início da grande epopeia bíblica, talvez a mais famosa das histórias do Tanach: após a morte de Yossêf, o povo hebreu se multiplicou enormemente no Egito."


Eu Era de uma Religião ...

Por vezes eu penso se Deus já não se mudou para outro universo e deixou este aqui, seguindo seu destino rumo ao fim... Realmente eu não sei mais se Ele ainda acredita em nós, humanos...

O pior (ou melhor) é que Ele acredita. nós quem não acreditamos nEle... nós acreditamos somente em nós. inventamos o "nosso deus" - esquecemos que sem Ele somos nada. não há mais palavras cara, é terrível!
Eu era de uma religião que me fazia matar em nome dela.

Eu era de uma religião que se achava melhor, mais correta.

Eu era de uma religião que se achava a ungida pelos céus, a que poderia, de forma legítima, professar a palavra de Deus.

Eu era de uma religião que não podia ser desrespeitada, criticada, mas que podia desrespeitar e criticar as outras.

Eu era de uma religião que perseguia e demonizava as outras religiões.

Eu era de uma religião que condenava homossexuais, ateus, outras religiões, outras formas de amar, de ver o mundo, de crer ou descrer no meu Deus.

Eu era de uma religião que chutava santas, que cobrava por minha crença, que humilhava as mulheres, que limitava meus prazeres, minha visão de mundo, minhas vestes, e, naturalmente, me fazia condenar todos que não fossem como eu.

Eu era de uma religião que me cegava, para que eu alcançasse a luz.

Um belo dia, a iluminação chegou.

Eu não sabia se ainda acreditava em Deus.

Mas tinha certeza que Deus não acreditava em mim.



(Salvador, Paris, minha lágrima e o mundo, 7 de janeiro de 2015)


quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Mazal

"O Talmud parece contradizer-se no assunto. Em um lugar declara: “Em seu aniversario ou data especial, seu Mazal é forte.” Em outro local o Talmud diz: “O povo judeu não está sujeito a Mazal!”
A palavra Mazal literalmente significa "estrela", "sorte", “uma gota vinda de cima”. Mazal pode ter conotações diferentes dependendo do seu contexto, mas estão todas conectadas a essa definição básica – algo pingando lá de cima.
Os signos do Zodíaco são chamados Mazalot. A tradição judaica vê as constelações no alto como dirigindo o destino dos indivíduos e nações aqui em baixo. Assim Mazal é a influência pingando das estrelas (no decorrer dos anos, Mazal bom ou mau passou a significar mais que destino). Quando o Talmud diz que não estamos sujeitos a Mazal, significa que não estamos limitados ao nosso destino, mas sim que nossas ações determinam nosso destino.
Há um outro significado da palavra Mazal que é mais relevante à frase 'Mazal Tov'. Mazal é um dos termos usados no misticismo judaico para descrever a raiz da alma. Os místicos dizem que somente um raio da nossa alma habita realmente nosso corpo. A parte principal da alma, nossa Mazal, permanece acima, brilhando sobre nós à distância.
Você já teve uma sensação de intuição espontânea, onde assim do nada você de repente se sente em paz consigo mesmo e com o Universo? Ou um súbito rasgo de inspiração que faz você enxergar a vida sob um novo prisma? Ocasionalmente podemos receber um fluxo extra de energia de nossa alma acima. Pode acontecer a qualquer hora, mas é mais comum em tempo de celebração – um nascimento, aniversário, Brit Milah, Bar/Bat Mitsvah, noivado ou casamento. É especialmente nessas horas de alegria que podemos ver além do mundano e do comum e sentir as verdades mais profundas da vida.
Quando desejamos ‘Mazal Tov’ a alguém, estamos lhe dando uma bênção: que essa gota de inspiração da sua alma acima não se dissipe, mas sim tenha um efeito positivo e duradouro, que desse evento no alto você leve sua vida com mais consciência. Você deve estar ciente das bênçãos em sua vida e estar pronto para receber mais e mais.
Em outras palavras: Mazal Tov!"



(Adaptado de um texto do Rav Elisha Salas), em memória de Arthur Casalunga (Aharon Ben Barak).

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Birkat Habait (Bênção da Casa).

Aos que desejarem Salvem e Imprimam e coloquem em Vossos Lares.

ברכת הבית 
בזה השער יבוא צער לא 
לא בזות הדירה תבוא צרה 
בזות הדלת תבוא בהלה לא 
לא בזות המחלקה תבוא מחלוקת 
בזה המקום תהי ברכה 
ושלום.

Birkat Ha'Bait
Be'ze ha'shaar lo yavó tzaar
Be'zot ha'deera lo tavó tzarrá
Be'zot ha'délet lo tavó ba'halá
Be'zot ha'majlaka lo tavó majlóket
Be'zé ha'makóm te'hi berajá
ve'shalóm

Bênção da casa, 
não deixe que a tristeza passar por essa porta, 
Que nenhum problema de passagem por este lugar, 
não deixe passar medo por esta porta, 
Que nenhum conflito ocorre aqui, 
Que esta casa Ele é preenchido com as bênçãos de alegria 
e paz.

Bênção do lar
(traduzida e adaptada)

Por este portão não adentrará angústia
Nesta moradia não haverá tragédia
Por esta porta não adentrará doença
Neste recinto não haverá discórdia
Neste local só haverá bênção e paz.


Parashá Shemôt


Nasce Moshê:Um dos líderes do povo judeu nesse momento era o tsadic (justo) Amram, da tribo de Levi. Era tão justo que não havia jamais cometido um só pecado na vida. Sua esposa Yocheved era também uma grande tsadeket (justa). Tinham uma filha de seis anos, Miriam, e um filho de três, Aharon.
No dia em que Yocheved estava para dar à luz a outro menino, os astrólogos e sábios do faraó o advertiram: "Lemos nas estrelas que hoje nascerá o menino que tirará os judeus do Egito." Porém, os egípcios nunca puderam descobrir o filho de Amram e Yocheved. Esta o escondeu em casa por três meses. Porém, temerosa de que os egípcios tivessem visto algo, buscou outro esconderijo.
Yocheved pensou: "Talvez, se ocultar meu filho no rio, os astrólogos do faraó vejam nas estrelas que o menino que os preocupa foi jogado ao rio. Talvez assim o faraó cancele a ordem de atirar os meninos judeus no rio."
Moshê no Rio Nilo
A mãe de Moshê arrumou uma caixa de madeira e colocou uma tampa. Para impermeabilizá-la, cobriu-a com breu por fora e com argila por dentro. Pôs a caixa no Rio Nilo entre os juncos que cresciam às margens, onde poderia ser vista pela gente que passava perto do rio.
A irmã de Moshê, Miriam, decidiu permanecer perto da margem do rio para ver o que aconteceria ao irmãozinho. Passaram-se vinte minutos e ninguém notou a caixa que flutuava no rio.
Mas quem se aproximava agora? Miriam viu que se tratava de uma dama egípcia da alta nobreza, seguida pelas criadas. Quem poderia ser? Quando se aproximou, Miriam viu que era a filha do faraó, a princesa Batia, que vinha banhar-se no Nilo. Podem imaginar como bateu o coraçãozinho de Miriam, quando viu que Batia mergulhava no rio, não muito distante da caixa com seu irmãozinho dentro?
Miriam observou ansiosamente, para ver se Batia descobriria o menino. Pois não é que descobriu?
"Que será isso que flutua entre os juncos?" exclamou a princesa.
Ordenou às criadas: "Tragam-me essa caixa! Como se negassem, Batia estendeu o braço para alcançá-la. Era impossível para Batia alcançar a caixa, que estava fora de seu alcance, mas ela tentou de todas as maneiras. D’us fez um milagre: seu braço se esticou até alcançar a caixa, e Batia pôde abri-la. Surpreendeu-se ao encontrar um menino dentro.
Que lindo bebê! Batia ficou encantada, e não sabia o que fazer com ele. D’us enviou o anjo Gabriel para que desse uma palmada no menino, que começou a chorar; Batia sentiu pena dele. "Rápido, corram!!" ordenou às criadas. "Este menino deve ser um judeu, e está morrendo de fome. Tragam uma ama de leite para que o amamente!"
As moças regressaram com uma ama egípcia, mas para surpresa de todos, o bebê fechava a boca com força e não quis mamar do seu peito. Batia ordenou quer trouxessem outra ama egípcia para amamentar o nenê, porém uma vez mais ele cerrou a boca e se negou a mamar. Miriam estava observando a cena desde o começo. Neste momento, perguntou: "Trago uma ama judia? Talvez o menino aceite seu leite."
Quando a princesa consentiu, Miriam correu para casa e trouxe a sua própria mãe, Yojcheved. Naturalmente, o pequeno mamou o leite de sua mãe!
Moshê no Palácio do Faraó
Você acaba de saber quem era o menino. Não era outro senão Moshê. Na verdade, este nome foi-lhe dado pela princesa Batia. Chamou-o assim porque a palavra Moshê significa "tirei-o da água", e Batia o havia encontrado no rio.
Batia disse à mãe de Moshê: "Fique com o menino em sua casa e o amamente até que eu vá buscá-lo para levar ao palácio, e te pagarei por isso."
Dois anos depois, a princesa reconheceu Moshê e o levou ao palácio do faraó. Cuidava muito bem dele. Amava o menino como se fosse seu próprio filho. Seu pai, o faraó, também se encantou com o bebê e sempre brincava com ele.
Moshê Tira a Coroa do Faraó
Certa vez, o pequeno Moshê estava sentado sobre os joelhos do faraó. De repente, esticou a mãozinha, tirou a coroa do faraó, e a colocou sobre a própria cabeça.
Podem imaginar o alvoroço que se produziu na corte? Um ministro advertiu o faraó: "Majestade, este menino, embora pequeno, já está lhe tirando a coroa! Quando crescer, tirará todo o reino! Talvez seja este o menino que os feiticeiros diziam que levaria os judeus do Egito. Mate-o agora mesmo e não se converterá num inimigo poderoso para o senhor!
Outro ministro interpôs-se: :Majestade, é um exagero dar tanta atenção aos atos de uma criança. Todos os pequeninos gostam de brincar com objetos brilhantes. Ele tomou sua coroa simplesmente porque pensou que era um objeto agradável e brilhante para brincar."
Para por fim à discussão entre os ministros, decidiram por o pequeno Moshê à prova, e descobrir porque havia tirado a coroa do faraó. Compreendia ele a importância da coroa ou estava só brincando? Se a prova mostrasse que Moshê havia tomado a coroa do faraó com um propósito determinado, seria morto.
Colocaram diante de Moshê duas vasilhas: uma cheia de moedas de ouro e outra de carvões acesos e resplandecentes. Escolheria Moshê o ouro ou os carvões ardentes? Se escolhesse as moedas de ouro, demonstraria que tinha inteligência suficiente para compreender que o ouro era mais valioso que o carvão. Se era tão inteligente, isso queria dizer que compreendia o valor da coroa e que a havia colocado sobre a própria cabeça de propósito. Porém, se escolhesse o carvão por causa de seu esplendor, demonstraria ser apenas uma criança que se sentia atraída pelo brilho da coroa.
Moshê era um menino muito esperto. Sabia que o ouro era muito mais valioso que o carvão, e estendeu a mãozinha para o ouro. Mas D’us enviou o anjo Gabriel para que empurrasse a mão de Moshê até o recipiente cheio de carvões ardentes. Moshê pegou um, e, vendo que estava muito quente para segurá-lo, levou-o à boca. O carvão ardente queimou-lhe a língua, e desde esse dia Moshê teve dificuldades para falar.
Moshê Cresce
Moshê cresceu no palácio do faraó. Embora fosse tratado como um príncipe e pudesse desfrutar de todos os prazeres da corte egípcia, Moshê estava sempre triste, tão triste que chorava sem parar. Havia descoberto que era judeu, e sentia-se consternado ao ver como o faraó tratava cruelmente a seus irmãos, os judeus. Moshê se negou a desfrutar dos prazeres do palácio enquanto outros judeus sofriam e trabalhavam duramente.
Então, Moshê pediu ao faraó que o deixasse supervisionar os escravos judeus, e a cada vez que visitava um lugar onde via os judeus trabalhando, ajudava-os secretamente no que fosse possível. Com o pretexto de ajudar o faraó, Moshê os ajudava a carregar fardos ou a terminar um trabalho. Angustiava-se terrivelmente ao ver que os judeus sofriam tanto.
Os Planos de Moshê para dar aos Judeus um Dia de Descanso
Moshê estava constantemente pensando na forma de aliviar o trabalho dos judeus, e finalmente elaborou um plano.
Foi ver o faraó e lhe disse: "Tenho observado os judeus trabalhando e devo informar-lhe que estão a ponto de sofrer um colapso. Aí, não terão mais utilidade, pois o senhor os obriga a trabalhar sem descanso. Nenhum escravo pode trabalhar semana após semana, mês após mês."
"Tens alguma sugestão para evitar que sofram um colapso?" perguntou-lhe o faraó.
"Creio que se lhes permitisse descansar um dia por semana", sugeriu Moshê, "lhes daria a oportunidade de reunir força suficiente para trabalhar melhor o restante do tempo."
O faraó aceitou o plano de Moshê. Quando permitiu a Moshê escolher um dia da semana,que dia acham que escolheu? Sim, foi o Shabat. Embora a torá ainda não tivesse sido outorgada, Moshê sabia que o Shabat era um dia santo. Sabia que Avraham, Yitschac, Yaacov e Yossef descansavam no Shabat.
Segundo outro Midrash, o faraó descobriu que qualquer edifício que os judeus levantavam no Shabat, caía imediatamente.
O faraó perguntou desconfiado: "Por que os edifícios construídos no sétimo dia não duram?"
Moshê explicou ao faraó: "Porque não lhes permite descansar neste dia!"
Desde então, o faraó liberou o Povo de Israel de trabalhar no Shabat

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Guet – A legalização judaica do divórcio

Guet (do hebraico גט) é o nome dado ao documento de divórcio dentro do judaísmo. De acordo com o tratado Kidushin, do Talmud Babilônico, o guet é um processo legal que exige o consentimento do casal. A outra é a morte do cônjuge.
A lei judíca não proíbe o divorcio, pois reconhece que mais trágico do que a separação, é a infelicidade familiar, o que desmoronou espiritualmente prejudica os pais e as crianças.
A cerimônia do guet consiste com duas testemunhas e de um escriba. O documento é escrito à mão e lido por um rabino ou por um tribunal de três rabinos.
A esposa só pode se casar novamente depois de 92 dias evitando qualquer dúvida sobre a paternidade.



No decorrer da história, a comunidade judaica tem se dividido em linhas filosóficas, mas sua coesão social jamais foi comprometida. Infelizmente, a ignorância sobre as leis do divórcio judaico está criando uma lacuna, que resultará em grandes setores da comunidade ficando incapazes ou relutantes para se casar entre si.

A Lei Judaica tradicional (Halachá) exige que um casal obtenha um divórcio judaico (guet) para pôr fim ao casamento judaico. Esta posição é compartilhada pelos Rabinatos Ortodoxo e Conservador, sendo a política oficial do Estado de Israel. Sem o guet, os filhos de qualquer união subseqüente da mulher podem ser considerados ilegítimos, e somente poderão se casar com judeus de status semelhante. Esse filho, assim, fica excluído em grande parte dos segmentos

da comunidade, e não podem casar-se no Estado de Israel. Este estigma permanece para todas as gerações futuras.

Este problema, embora seja trágico em nível individual, torna-se catastrófico quando se torna comunitário. Uma das diversas estatísticas nos Estados Unidos estima a incidência do divórcio entre parceiros judeus por volta de vinte a trinta mil anualmente. Segundo a Pesquisa sobre a população judaica norte americana por amostragem, menos de 15% daqueles que se divorciam civilmente obtiveram um guet. Muitas destas pessoas divorciadas tornam a se casar e constituem família. Como resultado, milhares de filhos potencialmente impedidos de se casar nascem a cada ano. A unidade judaica é colocada em risco. As barreiras entre os segmentos da comunidade judaica serão irreversivelmente transformadas de ideológicas em sociais, a menos que algo seja feito. Se o problema é a falta de conhecimento, então educar é a solução.

Por que eu deveria obter o guet?
Independentemente de quanto Judaísmo a pessoa pratica, ainda existem algumas razões importantes para que a pessoa obtenha um divórcio judaico:

Um divórcio civil não é suficiente
Se a pessoa somente possui o divórcio civil, aos olhos do Judaísmo ambos, ex-marido e ex-esposa ainda são considerados casados. Esta opinião é compartilhada pelos Rabinatos Conservativos e ortodoxos, e é a política oficial do Estado de Israel.

Não limite com quem você ou seus filhos podem se casar
Mesmo se a pessoa que divorciou-se somente pelo estado civil não tenha planos de casar-se agora, por que limitaria suas opções? Afinal, nunca se sabe o que o futuro lhe aguarda. E além disso, talvez não perceba o impacto que isso poderá ter no futuro de seus filhos. Ao nascer uma criança cuja mãe ainda está tecnicamente casada com outra pessoa, este filho pode ser considerado ilegítimo, e sofre limitações quanto a quem poderá desposar no futuro. Esta é uma prática judaica que tem efeitos de longo alcance. Seria trágico se determinada pessoa ou seu próprio filho gostasse de alguém mas não pudesse casar-se simplesmente porque foi negligenciado algo tão fácil de ser feito como um guet.



Fechamento
Muitas pessoas sentem que além de todas as considerações acima mencionadas, um guet lhes fornece um fechamento emocional para a relação que não deu certo. Da mesma forma que o casamento foi realizado através de uma cerimônia judaica, também deve ser encerrado com uma. Pelas conseqüências é possível entender por que torna-se mais importante ter a presença de um rabino em um divórcio do que em um casamento.

É fácil e conveniente
O processo inteiro do divórcio judaico leva cerca de uma hora. Se a pessoa prefere não ver seu ex-cônjuge, ou se os dois estão em localidades diferentes, o guet pode ser completado por procuração ou através de advogados. Embora o guet geralmente ocorra no escritorio de um rabino, pode ser feito em qualquer local que seja conveniente a ambas as partes.

O que é um guet?
O guet não tem relação ou efeito com qualquer aspecto do acordo civil, e não sujeita qualquer uma das partes a perguntas pessoais. Desde que haja consentimento mútuo, não há necessidade de declarar os motivos para o divórcio. Embora de caráter religioso, o processo não envolve preces, bênçãos nem exige nenhuma confissão de fé. Para a maioria dos judeus, um casamento tem início com uma cerimônia judaica unindo duas pessoas. O guet finaliza, ou termina, aquela união. É um processo legal, formal e claro que exige apenas o consentimento das duas partes.

O processo

1 – Cada parte declara estar ciente do que está para acontecer e que age livremente, sem coerção.

2 – O marido autoriza o escriba a escrever o documento.

3 – O documento de doze linhas é escrito pelo escriba e assinado pelas testemunhas. A escrita e assinatura do documento geralmente leva de 30 a 45 minutos, e não exige sessões adicionais.

4 – O documento assinado é apresentado à esposa pelo marido ou pelo procurador, na presença de testemunhas. No minuto em que ela o aceita, o divórcio passa a valer imediatamente e é definitivo.

5 – O documento em si permanece nos arquivos do rabino oficiante. É cortado pelo rabino, portanto jamais pode ser usado ou apresentado novamente. O rabino em seguida emite um certificado de prova (p'tur) a ambas as partes, atestando o fato de que um guet foi adequadamente escrito, entregue e aceito, e que cada uma das partes está livre para casar-se novamente.

O guet é extremamente fundamental para a felicidade individual de cada uma das partes envolvidas, abrindo um caminho sem barreiras para uma nova chance de união futura e legítima. Sem contar que os filhos estarão protegidos de constrangimentos futuros, tendo boa parte de sua felicidade assegurada por uma atitude responsável por parte de seus pais.