domingo, 22 de dezembro de 2013

Judeus não acreditam em Jesus! Saiba o Porque! Conheça também as 7 Leis de Noach.


Por que os judeus não acreditam em Jesus?

   RESPOSTA:

Por séculos os judeus foram perseguidos por sua fé e prática religiosa. Muitos tentaram impor suas idéias e aniquilar o judaísmo. Nem as cruzadas, nem a inquisição implacável, nem os pogroms conseguiram manipular nossas almas cumprindo seu intento.

O judaísmo mantém sua chama sempre viva.

A história comprova: os judeus continuam rejeitando o Cristianismo. Por quê?

Porque somos simplesmente judeus, nascemos e vivemos o judaísmo e temos nossas próprias convicções.

Mas quando judeus são seguidamente questionados sobre esta questão e não-judeus frequentemente perguntam: "Por que os judeus não acreditam em Jesus?" Preparamos alguns argumentos com o objetivo, não de depreciar outras religiões, pois respeitamos a todos e por esta razão não fazemos proselitismo, mas sim apenas para esclarecer a posição judaica.


Por que os judeus não acreditam em Jesus? Porque:

1. Jesus não preencheu as profecias messiânicas

2. Cristianismo contradiz a teologia judaica

3. Jesus não personifica as qualificações pessoais do Messias

4. Versículos bíblicos "referindo-se" a Jesus são traduções incorretas

5. A crença judaica é baseada na revelação nacional

Veja também:

6. Judeus e Gentios

7. Trazendo o Messias


 1. JESUS NÃO PREENCHEU AS PROFECIAS MESSIÂNICAS

O que o Messias deveria atingir? A Torá diz que ele:

a - Construirá o terceiro Templo Sagrado (Yechezkel 37:26-28)

b - Levará todos os judeus de volta à Terra de Israel (Yeshayáhu 43:5-6).

c - Introduzirá uma era de paz mundial, e terminará com o ódio, opressão, sofrimento e doenças. Como está escrito: "Nação não erguerá a espada contra nação, nem o homem aprenderá a guerra." (Yeshayáhu 2:4).

d - Divulgará o conhecimento universal sobre o D'us de Israel - unificando toda a raça humana como uma só. Como está escrito: "D'us reinará sobre todo o mundo - naquele dia, D'us será Um e seu nome será Um" (Zecharyá 14:9).

O fato histórico é que Jesus não preencheu nenhuma destas profecias messiânicas.

 2. CRISTIANISMO CONTRADIZ A TEOLOGIA JUDAICA

a - D'us em três?

A idéia cristã da trindade quebra D'us em três seres separados: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (mateus 28:19).

Compare isto com o Shemá, a base da crença judaica: "Ouve, ó Israel, o Eterno nosso D'us, o Senhor é UM" (Devarim 6:4). Os judeus declaram a unicidade de D'us todos os dias, escrevendo-a sobre os batentes das portas (Mezuzá), e atando-a à mão e cabeça (Tefilin). Esta declaração da unicidade de D'us são as primeiras palavras que uma criança judia aprende a falar, e as últimas palavras pronunciadas antes de morrer.

Na Lei Judaica, adorar um deus em três partes é considerado idolatria - um dos três pecados cardeais, que o judeu prefere desistir da vida a transgredir. Isto explica porque durante as Inquisições e através da História, os judeus desistiram da vida para não se converterem.

 b - Um homem como deus?

Os cristãos acreditam que D'us veio à terra em forma humana, como disse Jesus: "Eu e o Pai somos um" (João 10:30).

Maimônides devota a maior parte do "Guia para os perplexos" a idéia fundamental que D'us é incorpóreo, significando que Ele não assume forma física. D'us é eterno, acima do tempo. É infinito, além do espaço. Não pode nascer, e não pode morrer. Dizer que D'us assume forma humana torna D'us pequeno, diminuindo tanto Sua Unidade como Sua Divindade. Como diz a Torá: "D'us não é um mortal" (Bamidbar 23:19).

O Judaísmo diz que Messias nascerá de pais humanos, com atributos físicos normais, como qualquer outra pessoa. Não será um semi-deus, e não possuirá qualidades sobrenaturais. De fato, em cada geração vive um indivíduo com a capacidade de tornar-se o Messias. (veja Maimônides - Leis dos Reis 11:3).

 c - Um intermediário para a oração?

É uma idéia básica na crença cristã que a prece deve ser dirigida através de um intermediário - i.e., confessando-se os pecados a um padre. O próprio Jesus é um intermediário, pois disse: "Nenhum homem chega ao Pai a não ser através de mim."

No Judaísmo, a prece é assunto totalmente particular, entre cada pessoa e D'us. A Torá diz: "D'us está perto de todos que clamam por Ele" (Tehilim 145:18). Além disso, os Dez Mandamentos declaram: "Não terá outros deuses DIANTE DE MIM," significando que é proibido colocar um mediador entre D'us e o homem. (veja Maimônides - Leis da Idolatria cap. 1).

 d - Envolvimento no mundo físico

O Cristianismo freqüentemente trata o mundo físico como um mal a ser evitado. Maria, a mais sagrada mulher cristã, é retratada como uma virgem. Padres e freiras são celibatários. E os mosteiros estão em locais remotos e segregados.

Em contraste, o Judaísmo acredita que D'us criou o mundo físico não para nos frustrar, mas para nosso prazer. A espiritualidade judaica vem através do envolvimento no mundo físico de maneira tal que ascenda e eleve. O sexo no contexto apropriado é um dos atos mais sagrados que podemos realizar.

O Talmud diz que se uma pessoa tem a oportunidade de saborear uma nova fruta e recusa-se a fazê-lo, terá de prestar contas por isso no Mundo Vindouro. As escolas rabínicas ensinam como viver entre o alvoroço da atividade comercial. Os judeus não se afastam da vida, elevam-na.


 3. JESUS NÃO PERSONIFICA AS QUALIFICAÇÕES PESSOAIS DO MESSIAS

a - Messias como profeta

Jesus não foi um profeta. A profecia apenas pode existir em Israel quando a terra for habitada por uma maioridade de judeus. Durante o tempo de Ezra (cerca de 300 AEC), a maioria dos judeus recusou-se a mudar da Babilônia para Israel, e assim a profecia terminou com a morte dos três últimos profetas - Chagai, Zecharyá e Malachi.

Jesus apareceu em cena aproximadamente 350 anos após a profecia ter terminado.

 b - Descendente de David

O Messias deve ser descendente do Rei David pelo lado paterno (veja Bereshit 49:10 e Yeshayáhu 11:1). Segundo a reivindicação cristã que Jesus era filho de uma virgem, não tinha pai - e dessa maneira não poderia ter cumprido o requerimento messiânico de ser descendente do Rei David pelo lado paterno!

 c - Observância da Torá

O Messias levará o povo judeu à completa observância da Torá. A Torá declara que todas as mitsvot permanecem para sempre, e quem quer que altere a Torá é imediatamente identificado como um falso profeta. (Devarim 13:1-4).

No decorrer de todo o Novo Testamento, Jesus contradiz a Torá e declara que seus mandamentos não se aplicam mais. (veja João 1:45 e 9:16, Atos 3:22 e 7:37).

4. VERSÍCULOS BÍBLICOS "REFERINDO-SE" A JESUS SÃO TRADUÇÕES INCORRETAS

Os versículos bíblicos apenas podem ser entendidos estudando-se o texto original em hebraico - que revela muitas discrepâncias na tradução cristã.

 a - Nascimento virgem

A idéia cristã de um nascimento virgem é extraído de um versículo em Yeshayáhu descrevendo uma "alma" que dá à luz. A palavra "alma" sempre significou uma mulher jovem, mas os teólogos cristãos séculos mais tarde traduziram-na como "virgem". Isto relaciona o nascimento de Jesus com a idéia pagã do primeiro século, de mortais sendo impregnados por deuses.

 b - Crucifixão

O versículo em Tehilim 22:17 afirma: "Como um leão, eles estão em minhas mãos e pés." A palavra hebraica ka'ari (como um leão) é gramaticalmente semelhante à palavra "ferir muito". Dessa maneira o Cristianismo lê o versículo como uma referência à crucifixão: "Eles furaram minhas mãos e pés."

 c - Servo sofredor

Os cristãos afirmam que Yeshayáhu (Isaías) 53 refere-se a Jesus. Na verdade, Yeshayáhu 53 segue diretamente o tema do capítulo 52, descrevendo o exílio e a redenção do povo judeu. As profecias são escritas na forma singular porque os judeus (Israel) são considerados como sendo uma unidade. A Torá está repleta de exemplos de referências à nação judaica com um pronome singular.

Ironicamente, as profecias de perseguição de Yeshayáhu referem-se em parte ao século 11, quando os judeus foram torturados e mortos pelas Cruzadas, que agiram em nome de Jesus.

De onde provêm estas traduções erradas? S. Gregório, Bispo de Nanianzus no século IV, escreveu: "Um certo jargão é necessário para se impor ao povo. Quantos menos compreenderem, mais admirarão."

5. A CRENÇA JUDAICA É BASEADA NA REVELAÇÃO NACIONAL

Das 15.000 religiões na História Humana, apenas o Judaísmo baseia sua crença na revelação nacional - i.e., D'us falando a toda a nação. Se D'us está para iniciar uma religião, faz sentido que Ele falará a todos, não apenas a uma pessoa.

O Judaísmo,é a única entre todas as grandes religiões do mundo que não confia em "reivindicações de milagres" como base para estabelecer uma religião. De fato, a Torá afirma que D'us às vezes concede o poder de "milagres" a charlatães, para testar a lealdade judaica à Torá (Devarim 13:4).

 Maimônides declara (Fundações da Torá, cap. 8):

"Os Judeus não creram em Moshê (Moisés), nosso mestre, por causa dos milagres que realizou. Sempre que a crença de alguém baseia-se na contemplação de milagres, tem dúvidas remanescentes, porque é possível que os milagres tenham sido realizados através de mágica ou feitiçaria. Todos os milagres realizados por Moshê no deserto aconteceram porque eram necessários, e não como prova de sua profecia.

"Qual era então a base da crença judaica? A revelação no Monte Sinai, que vimos com nossos próprios olhos e ouvimos com nossos ouvidos, não dependendo do testemunho de outros... como está escrito: 'Face a face, D'us falou com vocês...' A Torá também declara: 'D'us não fez esta aliança com nossos pais, mas conosco - que hoje estamos todos aqui, vivos.' (Devarim 5:3)."

O Judaísmo não são os milagres. É o testemunho da experiência pessoal de todo homem, mulher e criança.

6. JUDEUS E GENTIOS

O Judaísmo não exige que todos se convertam à religião. A Torá de Moshê é uma verdade para toda a Humanidade, seja judia ou não. O Rei Salomão pediu a D'us para considerar as preces de não-judeus que vão ao Templo Sagrado (Reis I, 8:41-43). O profeta Yeshayáhu refere-se ao Templo Sagrado como uma "Casa para todas as nações." O serviço no Templo durante Sucot realizava 70 oferendas de touros, correspondendo às 70 nações do mundo. De fato, o Talmud diz que se os Romanos tivessem percebido quantos benefícios estavam conseguindo do Templo, jamais o teriam destruído.

Os judeus nunca buscaram ativamente converter as pessoas ao Judaísmo, porque a Torá prescreve um caminho correto para que os gentios o sigam, conhecido como "As Sete Leis de Nôach." Maimônides explica que qualquer ser humano que observe fielmente estas leis morais básicas recebe um lugar apropriado no céu.

 As Sete leis de Nôach 
 
Após o Dilúvio e a saída de Nôach (Noé) e sua família da arca, D'us os abençoou e estabeleceu uma aliança assegurando-lhes de que jamais haveria outro dilúvio para destruir a terra.

Fez surgir no céu o primeiro arco-íris que selaria para sempre esta aliança e forneceu um Código de sete leis sobre as quais uma nova civilização seria construída. Estas leis representam o reconhecimento de que a moralidade – na verdade, a própria civilização – deve ser baseada na crença em D’us. 

A menos que reconheçamos um Poder Mais Alto perante quem somos responsáveis, e quem observa e conhece as nossas ações, não transcenderemos o egoísmo de nosso caráter e a subjetividade de nosso intelecto. Se o próprio homem é o árbitro do certo e errado, então o “certo” para ele será aquilo que deseja, independentemente das conseqüências para os outros habitantes da terra.

“As Sete Leis” são uma herança sagrada para toda a humanidade e para cada um em particularidade como deve conduzir sua vida espiritual, moral e pragmática. São intemporais, não restritas a locais geográficos e jamais podem ser alteradas ou modificadas, guiando a humanidade a perceber seu potencial máximo.

Chegará um tempo em que todos estarão preparados para incorporar este caminho. Será então o início de um novo mundo de sabedoria e paz.

Primeira Lei - Creia em D-us - não adore ídolos  
   
 Reconheça que existe apenas um D’us que é Infinito e Supremo acima de todas as coisas. Não substitua este Ser Supremo por ídolos finitos, seja você mesmo ou outros seres. Esta ordem inclui atos como prece, estudo e meditação.

O homem, a mais fraca das criaturas, está rodeado por forças de vida e morte muito mais poderosas que ele próprio. Confrontado com a vastidão destas forças universais, o homem poderia tentar "servi-las" para proteger a si mesmo, e melhorar sua propriedade. A essência da vida, entretanto,
é reconhecer o Ser Supremo que criou o Universo - acreditar n'Ele e aceitar Suas leis com reverência e amor.

Devemos lembrar que Ele está consciente de nossos atos, premiando a bondade e castigando a maldade. Dependemos d'Ele, e apenas a Ele devemos lealdade. Imaginar que poderia haver outro poder capaz de nos proteger e suprir todas nossas necessidades, é não apenas tolice, mas contradiz o propósito da vida, e, como a história tem mostrado, potencialmente desencadeia forças indizíveis do mal em nós mesmos, e no mundo.


Segunda Lei - Respeite a D-us e louve-O - não blasfeme usando Seu nome

Quando nos sentimos desapontados com a vida, quando as coisas não acontecem da maneira que deveriam, é muito fácil apontar um dedo acusador e culpar tudo e todos, até mesmo D'us. Lealdade e confiança são fundamentais na vida.

Culpar D'us, praguejar, ou amaldiçoar outros em Seu nome, é um ato de deslealdade - derruba a base de toda ordem e estabilidade na qual uma sociedade justa deve se apoiar.

Terceira Lei - Respeite a vida humana - não mate

 Todo ser humano é um mundo inteiro. Salvar uma vida é salvar o mundo inteiro; destruir uma vida é destruir um mundo inteiro. Ajudar outros a viver é uma ramificação deste princípio.

O registro da desumanidade do homem com seu semelhante começa com a história de Caim e Abel. O homem é de fato o guardião de seu irmão.

A proibição contra o assassinato protege o homem de agir contra seu semelhante.O homem deve lutar dentro de si mesmo a fim de dominar seus instintos e transformar o mau em bem.


O homem, o atacante, renega a santidade da vida humana, e por fim ataca D'us, que nos criou à Sua imagem e semelhança.

Quarta Lei - Respeite a instituição do casamento - não cometa atos sexuais imorais

O matrimônio é um ato Divino. A Bíblia declara: "Não é bom para o homem estar sozinho," então D'us criou uma companheira para Adam, e em matrimônio, "Ele os abençoou." Numa família completa, a criatividade do homem encontra significativa expressão. Famílias são a pedra fundamental de comunidades, nações e sociedades sadias.

Nações que toleraram a imoralidade - adultério, homossexualidade, sodomia, incesto - jamais tiveram uma longa duração. Imoralidade sexual é o sinal de decadência interior que gera uma sociedade desumana, trazendo o caos ao plano de vida traçado pelo Criador.


O casamento de um homem e uma mulher é um reflexo da unicidade de D’us e Sua criação. A deslealdade no casamento é um ataque àquela unicidade.

Quinta Lei - Respeite os direitos e a propriedade dos outros - não furte

 Seja honesto em todos os seus negócios. Ao confiar em D’us em vez de em nosso próprio julgamento, expressamos nossa confiança Nele como Provedor da Vida.

Devemos procurar ganhar nosso sustento com dignidade, e não através de meios falsos e ilícitos. Violar a propriedade alheia constitui um ataque fundamental à dignidade de nossos semelhantes.


Gera a anarquia, lançando o homem às profundezas do egoísmo e da crueldade.

Sexta lei - Respeite as criaturas de D’us
   
D'us concedeu ao homem "domínio sobre os peixes do mar, as aves dos céus, sobre o gado, e sobre tudo o que há na terra". Somos os guardiões de sua criação. Nossa responsabilidade, portanto, excede a de cuidarmos de nossa família, da sociedade, para englobar também toda a natureza.

 Devemos cuidar e preservar o legado Divino e sobretudo não causar dor nos seres vivos.


A princípio, o homem foi proibido de consumir carne. Depois do Grande Dilúvio, ele foi autorizado – mas com uma advertência e sob uma condição: não causar sofrimento desnecessário a qualquer animal etornar-se sensível a sua dor.

Sétima Lei - Promova a justiça

Estabeleça tribunais para a manutenção da justiça.

A justiça é um assunto de D’us, mas recebemos o encargo de compilar as leis necessárias que sustentam uma sociedade e fazê-las valer sempre que pudermos. Quando corrigimos os erros da sociedade, estamos agindo como parceiros no ato de tornar a Criação sustentável.

Um sistema legal robusto e saudável, que administre igualmente a justiça, cria uma sociedade merecedora das bênçãos de D'us. Estabelecer um sistema de juizes, cortes e oficiais para manter e cumprir a lei é uma grande responsabilidade.


Este preceito traduz os ideais de nossa vida pessoal e para a sociedade como um todo. É a extensão e garantia de todas as leis precedentes.

7. TRAZENDO O MESSIAS

De fato, o mundo está desesperadamente necessitado da Redenção Messiânica. A guerra e a poluição ameaçam nosso planeta; o ego e a confusão estão erodindo a vida familiar. Na mesma extensão em que estamos conscientes dos problemas da sociedade, é a extensão em que ansiamos pela Redenção. Como declara o Talmud, uma das primeiras perguntas que um judeu recebe no Dia do Julgamento é: "Você ansiou pela vinda do Messias?"

Como podemos apressar a vinda de Mashiach? A melhor maneira é amar generosamente toda a humanidade, cumprir as mitsvot da Torá (da melhor maneira que pudermos) e encorajar outros para que as cumpram também.

O Mashiach pode chegar a qualquer momento e tudo depende de nossas ações. D'us estará pronto quando estivermos. Pois, como disse o Rei David: "A Redenção chegará hoje - se derem atenção à Sua voz."


Por Rabino Shraga Simmons - Aish.com  
 

Eu tinha um cachorro preto, seu nome era depressão. [LEGENDADO]

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Entrevista do dia com o rabino Henry Sobel

Roda Viva | Henry Sobel | 25/11/2013

Despedida Rabino Sobel 06-11-13

Qual a diferença entre Israelense e Judeu?

Od Yavo Shalom Aleinu

Sociedade Israelita da Bahia - Chanuká 2013 - 29 de Kislev 5774 - Parte 11

Sociedade Israelita da Bahia - Chanuká 2013 - 29 de Kislev 5774 - Parte 10

Sociedade Israelita da Bahia - Chanuká 2013 - 29 de Kislev 5774 - Parte 09

Sociedade Israelita da Bahia - Chanuká 2013 - 29 de Kislev 5774 - Parte 08

Sociedade Israelita da Bahia - Chanuká 2013 - 29 de Kislev 5774 - Parte 07

Sociedade Israelita da Bahia - Chanuká 2013 - 29 de Kislev 5774 - Parte 06

Sociedade Israelita da Bahia - Chanuká 2013 - 29 de Kislev 5774 - Parte 05

Sociedade Israelita da Bahia - Chanuká 2013 - 29 de Kislev 5774 - Parte 04

Sociedade Israelita da Bahia - Chanuká 2013 - 29 de Kislev 5774 - Parte 03

Sociedade Israelita da Bahia - Chanuká 2013 - 29 de Kislev 5774 - Parte 01

O que é Chanukah? 02-12-12

Você sabe o que são Peiot? 13-03-13

O que é uma Hamsa? 13-01-13

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Curiosidades sobre a Challah.


Porque comemos 2 halot e temos que colocar um pano em baixo e uma capa para cobri-las?

A origem está no tempo da saída do povo de Israel do Egito, quando os judeus peregrinaram pelo deserto durante 40 anos. Deus mandava o “maná”, que era uma comida que caia para os hebreus e só na sexta feira caia em dobro; para ter durante sexta e sábado que é o dia do descanso e neste dia não caia o maná.
Durante a noite, Deus mandava uma chuvinha como o orvalho que ficava em baixo e em cima do maná para protegê-la.
Essa é a origem do pano que fica em baixo (toalha da shabat) e a capa da halot que fica em cima.
Outra explicação para a capa por cima é que como o vinho e as halas importantes para elas não sentir mal que fazem a cerimônia delas depois do kidush nos descobrimos elas durante o kidush.

http://ajudaica.com.br/pt/shabbat/challah-covers/blue-silk-challah-cover-jerusalem-dome-design.html

Costumes de Chanucá, em diversas Comunidades.


Ano após ano, quando chega a época de Chanucá, em todo lar judaico acendem-se velas para relembrar os milagres ocorridos na antiga Israel, há cerca de 2.200 anos. Espalhados pelos quatro cantos do mundo,os judeus foram agregando diferentes costumes que fazem a riqueza e beleza de nossa celebração da Festa das Luzes.


Costumes de Hanuká na Síria

Na Síria, costumava-se acender uma chanuquiá em cada casa, de preferência com azeite. Somente o shamash era sempre aceso com uma vela. As mulheres não trabalhavam enquanto as chamas estivessem ardendo. Em Alepo, aqueles cujos ancestrais tinham vindo da Espanha, no século 16, acendiam uma vela adicional a cada noite. Na primeira, por exemplo, acendiam mais duas velas além do shamash, e, assim por diante. Há várias explicações para a adoção deste costume, entre estas o fato de que, ao chegar à Síria, os judeus sefaraditas não foram de pronto aceitos pela comunidade. Quando, finalmente, foram aceitos pelos mustarabim, que eram os judeus que já viviam no local, era Erev Chanucá, véspera da festividade. A partir de então, acendem uma luz adicional por noite como expressão de sua gratidão. Entre outras versões para o costume, há uma que alega que a introdução da vela adicional simbolizava o júbilo dos judeus sefaraditas por terem escapado das garras da Inquisição. Uma terceira defende que, no século 16, um grupo de judeus sefaraditas que viajava de navio rumo a Alepo foi salvo de um naufrágio justamente na véspera de Chanucá. Este costume continua em uso até hoje e revela as origens de cada família - se descendentes de judeus espanhóis ou de mustarabim, ou seja, judeus orientais.


Costumes de Hanuká na Tunísia

Os judeus da Tunísia comemoram o sétimo dia de Chanucá, o primeiro dia do mês de Tevet, Rosh Chodesh Tevet. Também chamado de Chag Habanot - Festa das Mulheres, é um dia de grandes alegrias para todo o gênero feminino, pois celebra a fé e coragem de Yehudit, filha de Yochanan, o Sumo Sacerdote à época da revolta dos macabeus. Segundo nossa tradição, foi em Rosh Chodesh Tevet que Yehudit salvou a vida de nosso povo matando Holofernes.

Em Chag Habanot, os judeus da Tunísia costumavam dar presentes às crianças e preparar verdadeiros banquetes, com docinhos de mel para a sobremesa. Na ilha de Djerba, participavam da celebração principalmente as jovens solteiras, pois acreditavam ser uma segulá para se casar naquele ano.


Costumes de Hanuká na Turquia e os judeus espanhóis

O Shabat de Chanucá era conhecido como Shabat Halbashá (ou seja, o Shabat de se vestir os pobres). Os rabinos sempre fizeram questão de ressaltar a importância da ajuda aos necessitados, guemilut hassadim. Assim, os membros da kehilá encaminhavam doações à sinagoga que, por sua vez, se encarregava de distribuí-las em Rosh Chodesh Tevet.

Um dos pratos característicos da festa, entre os oriundos da Espanha, são os bermuelos (ou bimuelos), bolinhos fritos salpicados com açúcar. Os judeus turcos dão o mesmo nome a um doce frito semelhante aos sonhos, servido com mel ou açúcar e canela.

Os judeus sefaraditas da Turquia mantêm a tradição de fazer uma refeição, la merenda, uma espécie de almoço ou jantar do qual participam familiares e amigos. Cada um dos convidados leva um prato para completar a refeição, ao final da qual as crianças são presenteadas com pequenas somas em dinheiro.


Costumes de Hanuká na Líbia

Em Trípoli, Rosh Chodesh Tevet é chamado de Rosh Chodesh La'Banot - o Novo Mês das Mulheres. Nesse dia era costume as mães enviarem bandejas de sfinge, sonhos, para as filhas casadas, enquanto as noivas recebiam doces da família do futuro marido. Era um dia de alegria e lazer para as mulheres, que, na data, eram liberadas de seus trabalhos domésticos.


Costumes de Hanuká no Iraque

Já nas comunidades iraquianas, a tradição é comer pratos à base de leite, em homenagem a Yehudit, que conseguiu salvar nosso povo e derrotar Holofernes, o poderoso general grego, comandante dos exércitos de Antíoco Epifânio, imperador selêucida, oferecendo-lhe um pedaço de queijo. Além disso, era comum as crianças lerem a história da heroína. Em Bagdá, muitas famílias usavam chanuquiot redondas, raramente utilizadas em outros países, onde são usadas as do tipo em que as velas são alinhadas em fila reta. Rabi Yosef Chaim, um dos maiores sábios do Iraque, ao responder sobre o uso deste tipo de chanuquiot afirma em sua responsa que se devia dar preferência às em linha reta, mas não desqualificava o uso das redondas, desde que houvesse espaço entre as velas.

O problema haláchico quanto às redondas é que as chamas poderiam dar a impressão de ser uma única, o que invalidaria a chanuquiá. O código máximo da Lei Judaica, o Shulchan Aruch, discorre sobre a questão, afirmando que cada um dos pavios pode ser considerado como uma vela, desde que sejam separados entre si (Orach Chaim, 67, 1:4).


Costumes de Hanucá no Afeganistão

No Afeganistão, os judeus não usavam chanuquiot, aliás, nem sequer as conheciam! Para acender as luzes de Chanucá, usavam oito pequenos pratos em bronze, prata ou barro, enfileirados, e um pratinho menor, para o shamash. A razão para o costume era o fato de que os judeus do Afeganistão serem, em sua maioria, anusim (convertidos à força ao islamismo), vindos da cidade de Mashad, no Irã. Como na região, a partir de 1839, foi proibido o judaísmo, se um muçulmano porventura entrasse numa casa de um judeu sem avisar, seus moradores poderiam alegar que as luzes eram usadas para iluminar o local - já que não havia eletricidade - sem despertar nenhuma suspeita de sua fé. Mesmo após emigrar para o Afeganistão, os judeus de Mashad continuaram a manter o costume.


Costumes de Hanuká no Marrocos

No primeiro dia, após os oito da festa, era costume entre os judeus marroquinos festejar o "Dia do Shamash". As crianças iam de casa em casa recolhendo restos de velas de Chanucá, que utilizavam para fazer grandes fogueiras, ao redor da qual dançavam e cantavam. Muitos saltavam por cima do fogo, pois acreditavam ser uma segulá: no caso de jovens solteiras, o objetivo era ajudá-las a encontrar seu futuro companheiro de vida; e, para as casadas sem filhos, não tardem a engravidar.

Como o milagre girava em torno do óleo que ardeu durante oito dias, na ocasião as donas de casa costumavam fritar el makhriud, uma panqueca, e sfinge, sonhos. E logo após acender as velas, os membros da família mergulhavam as iguarias no açúcar e as saboreavam, acompanhadas de goles de brod datei, uma refrescante bebida de menta.


Costumes de Hanuká na Polônia

Os Rebes chassídicos distribuíam moedas entre aqueles que os visitavam em Chanucá. Para esses chassidim, esse Chanucá Guelt representava uma bênção de seu Rebe e uma segulá* para obter sucesso em seus empreendimentos. No Talmud, há uma referência cruzada entre dinheiro e Chanucá. Nesta festa, devemos acender pelo menos uma vela por noite, em cada lar, mesmo se para tanto tivermos que vender as roupas ou bater de porta em porta, pedindo recursos para a finalidade. O costume de distribuir Chanucá Guelt era uma forma de ajudar os pobres a comprar as velas e cumprir a mitzvá.


Costumes de Hanuká na Áustria, Hungria e Alemanha

Uma das tradições mais difundidas durantes as noites de Chanucá, principalmente entre as crianças, é jogar uma espécie de pião chamado de sevivon, em hebraico, ou dreidel em iídiche.

Acredita-se que o costume tenha surgido na época dos macabeus. Quando o rei Antíoco IV tentou eliminar o judaísmo, declarando guerra contra o espírito judeu, proibiu o estudo da Torá - a não ser que fosse destituído de santidade. A solução, então, foi fazê-lo clandestinamente. As crianças estudavam tendo nas mãos sevivons; assim, se fossem descobertas pelas autoridades, poderiam alegar que estavam reunidas para jogar.

O dreidel, como todo pião, tem quatro lados; em cada um há uma letra hebraica, que é a inicial de uma palavra. Juntas, as quatro compõem uma frase. Numa das faces está o nun, inicial da palavra ness, ou "milagre"; em outra o guimel, primeira letra de gadol, que significa "grande"; na terceira face do sevivon aparece o hei, primeira letra de hayá, que significa houve; e, na quarta face, shin, inicial de sham, que significa "lá". Juntas representam a frase: "Ness gadol hayá sham" ou seja, "um grande milagre houve lá", fazendo referência à Terra de Israel, onde o milagre de Chanucá de fato ocorreu.

A festividade conta, também, com outro costume: o de, após acender as velas, dar às crianças Chanucá guelt, isto é, "dinheiro de Chanucá", expressão também em iídiche. São várias as explicações para esta tradição, uma delas sendo que 22 anos após a vitória dos macabeus, seus descendentes - que se haviam tornado os reis de Israel - cunharam moedas para celebrar a conquista da liberdade e autonomia. Imagens do Templo e da Menorá eram gravadas nas moedas como lembrança da grande vitória. Daí ser a distribuição de moedas uma forma de relembrar o sucesso dos valentes macabeus.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

SHALOM ALEICHEM - história, música em hebraico, tradução

Jewish music, Music, Musica Judaica




Kesheani Choshev Umitbonen Alecha - Quando penso e Reflito em Ti
Bore Olam - Mestre do Universo
Mode Ani Lefanecha - Sou agradecido perante a ti
Tovot Rabot Osse Ata Livruecha - muitas bondades tu fazes para suas criações
Navo Kulam Nessaper Tehilotecha - Virão todos a contar o seu louvor

Refrão

Adon Olam - Mestre do Universo
Toda, Ani Ohev Otchá - Obrigado, eu te adoro
Adon Olam - Mestre do Universo
Shalom Lechol Banechá - Paz a teus filhos
Kvar Metzapim Matai Yeshuatechá - Já esperamos a sua salvação 
Tavi Na Goel Leamchá Lertzechá - Traga por favor o Salvador para o seu povo, sua Terra
Ad Matai - Até quando?

http://www.youtube.com/watch?v=A7kvP5qhZAk

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Um Pouco sobre a Chamsá / Hamsá.

O SIMBOLISMO DA HAMSA

Hamsa (que significa cinco em árabe, referindo-se aos cinco dedos da mão) é também conhecida como Mão de Fátima, Olho de Fátima, pelos árabes, Mão de Míriam ou Mão de Hamesh, pelos judeus, e Abhaya Mudra, pelos budistas .
É um talismã usado por muçulmanos e judeus (especialmente os sefarditas), contra o mau-olhado, e pelos budistas, para afastar o medo.
Evidências arqueológicas mostraram que, primordialmente, esse seria um símbolo fenício, associado a Tanit, deusa-chefe de Cartago, cuja mão ou vulva afastava o mal. Posteriormente, o símbolo foi adotado pela cultura árabe, que teria passado para os judeus.
Atualmente, a hamsa tem sido adotada no Oriente Médio como símbolo de paz, para lembrar que o judaísmo e o islamismo têm as mesmas raízes.



A hamsá (árabe: خمسة, chamsa – literalmente “cinco”, referindo-se aos cinco dedos da mão) é um talismã com a aparência da palma da mão com cinco dedos estendidos, usado por praticantes do Judaísmo e do Islã como um amuleto contra mau-olhado. Também é conhecida pelos nomes chamsá, mão de Deus, mão de Fátima, olho de Fátima, mão de Míriam ou mão de Hamesh. Frequentemente, possui o desenho de com olhos, pombos,peixes e estrelas de Davi para fortalecer sua crença. Em certas hamsás existem inscrições em hebraico, como a Shemá Israel, por exemplo

 Hamsá / ChamsáLiteralmente"Cinco


Shabat entre amigos de fora da Baixada Santista.

Estamos preparando um Kabalat Shabat Em casa com familiares e amigos (as).
Estaremos Recebendo dois grandes amigos de fora da Baixada Santista Que ficaram hospedados em Santos SP.
Ezri Yisrael Ben Avraham & Aline Bertão.

Será um dia de Paz. e muito estudo de Torá.


Passo a passo de como trançar uma chaláh.


Está é para minhas amigas donas de Casa.

domingo, 18 de agosto de 2013

sábado, 17 de agosto de 2013

Entrevista Rabino Henry Sobel

Futebol no Shabat: pode ou não?

Recomendação do Livro e Entrevista com o Rabino Henry Sobel.

Quero Recomendar a Leitura deste livro, Um Homem na Vida só é Grande Quando se reconhece, quando sabe reconhecer principalmente seus erros!!!

Grande Rabino Henry Sobel.

Tenho absoluta certeza de que está árvore, dará muitos frutos positivos ...

Um Homem, Um Rabino.
Editora: Ediouro Ano 2008
Autor: Henry Sobel.

Recomendoooooooooooooooooooooo



Entrevista do Rabino Sobel ao jornal Estadão.

Laura Greenhalgh
Laura Greenhalgh
'Furto foi falha moral, não doença'
Rabino se desfaz da versão criada para o caso das gravatas, pede perdão e se despede do País
08 de agosto de 2013


Laura Greenhalgh - O Estado de S.Paulo



Henry Sobel deixará o Brasil - circulou dias atrás. Diante da informação ainda restrita, o Estado procurou o rabino afastado da Congregação Israelita Paulista (CIP) em 2007, ao protagonizar um controvertido furto de gravatas numa loja de Palm Beach, nos Estados Unidos. Desde então Sobel deixou de ser a autoridade religiosa máxima da entidade, pediu aposentadoria no que foi atendido e levou o título de "rabino emérito" contornando uma crise que lhe trouxe profunda mágoa. 
Por seis anos manteve a justificativa de que o furto fora motivado por desordem psicológica, depressão e efeito de remédios. Até no livro autobiográfico, Um Homem, um Rabino (Ediouro, 2008), com prefácio de Fernando Henrique Cardoso, sustentou a versão: "Para concluir minha recuperação, tenho que reconhecer a existência de um problema de saúde, que se manifestou em momentos de grave tensão". Nesta entrevista exclusiva, Sobel se desmente. Pela primeira vez assume que o furto tem a ver com "uma falha moral minha".

A revelação foi feita dias atrás, de modo manso porém surpreendente, ao longo de uma entrevista de duas horas e meia no apartamento do próprio rabino, no bairro de Higienópolis, em São Paulo. Antes do gravador ser acionado, Sobel avisou que iria falar de algo pela primeira vez. Algo muito difícil. Havia escrito um longo texto, que consultou em diferentes momentos. E, recorrendo sempre aos fundamentos éticos do judaísmo, admitiu que furtou por fraqueza de caráter, não por debilidade física. "Desde jovem, fui um intolerante comigo. E o autojulgamento sempre foi severo demais. Mas o rabino é humano, portanto, falível."

Conta que amigos próximos ajudaram a montar a versão do desequilíbrio para protegê-lo. Que outros amigos silenciaram. E que uma oposição não o poupou das críticas. Agradece o acolhimento dos brasileiros, que chama de grande público não judeu. "Estranharam o fato. Mas não me julgaram."

Quase aos 70 anos, casado com Amanda e pai de Alisha, filha única, prepara-se para viver em Miami. Iniciará um longo período sabático só interrompido para voltar ao Brasil na época da Copa. "Sou apaixonado por futebol. Meu time, o São Paulo, anda em baixa, mas vibro, vibro... e vibro", revela com o dote de bom pregador, em que a repetição de palavras é recurso infalível e o sotaque americano, marca registrada. Fala da tristeza por não ter sido convidado a se encontrar com o papa Francisco (justo Sobel, que esteve com João Paulo II e Bento XVI, entre tantos líderes religiosos) e acha que sua representatividade vem sendo machucada. Por fim, ao rever sua corajosa atuação pública na morte de Vladimir Herzog, diz sentir o conforto do dever cumprido.

Por que está deixando o Brasil?

Deixe-me dizer que esta deverá ser uma entrevista difícil, com perguntas delicadas que pretendo responder. Fiz anotações que vou consultar, se me permitir. São 43 anos no Brasil. Minha história pessoal e a vida profissional estão muito interligadas. E ligadas ao Brasil. Mas resolvi deixar o País para diminuir o ritmo e preparar a aposentadoria. Passarei um período sabático em Miami. Lá vou me dedicar à leitura, escrever e refletir muito.

E por que Miami?

Primeiro, porque temos um apartamento lá. Segundo, porque a comunidade judaica daquela região é relativamente bem organizada. Em inglês se diz que Miami é gateway, ponto de partida para o mundo - Oriente Médio, Europa, América Latina... bom lugar para estar. Tentei ir para Washington, não consegui viabilizar o projeto. Então, é Miami. Mas voltarei ao Brasil no meio do ano que vem, para ver a Copa do Mundo daqui. Falando sério, vibro com futebol.

O senhor já não está aposentado?

Estou. Comuniquei meu pedido à CIP anos atrás, que foi aceito. Continuei por aqui porque tenho paixão pelo Brasil. Agradeço o País que me proporcionou trabalhar com a comunidade judaica e ter mantido contato com líderes religiosos de outros credos.

Como seria comparar o rabino Sobel dos anos 70, que chegou aqui jovem, num período difícil, e o rabino Sobel hoje, aposentado e querendo refletir?

Hoje sou um rabino machucado. Por motivos políticos. Vou dar um exemplo: minha congregação não me convocou para encontrar o papa Francisco na visita dele ao Brasil. Isso me magoou, afinal de contas, ele é um homem maravilhoso, líder de mais de 1 bilhão de seres humanos. No fundo, a minha representatividade tem sido machucada, algo que construí em 43 anos. Outro rabino foi escolhido para o encontro e eu me curvei perante o destino. Respondi à sua pergunta?

Sim, o senhor diz que hoje a sua representatividade não conta no Brasil.

O rabino argentino Skorka, amigo de Francisco, esteve por aqui, mas não o conheci. Ele mandou o livro que fez com o papa. Li e achei excelente. Alto nível de ambos os lados. Sei que é cedo para falar, mas a modéstia deste papa tem sido tocante. Gosto dos bons olhos dele, das improvisações... No entanto, a congregação achou melhor destacar para o encontro o rabino Michel Schlesinger, que me sucedeu na CIP. Gosto do Michel, pude ajudá-lo a fazer os estudos rabínicos em Israel e sei que tem grande futuro. Mas tenho meu ego para cuidar (risos)... Voltando ao ponto, pode escrever que não estou fugindo do Brasil.

E alguém diria isso?

Não sei, talvez. Aos 70 anos, não tenho motivos para fugir. Falo assim porque houve aquele incidente lastimável das gravatas, em consequência do qual saí da CIP.

Tem sido vítima de alguma forma de perseguição?

Não, isso não. Minha popularidade está intacta e o contato com o meu povão, idem. A criatividade é a mesma. O trabalho na comunidade é o mesmo. Os casamentos, as cerimônias de bar e bat mitzvah, os enterros infelizmente, tudo continua. Até a procura de dinheiro continua, porque aprendi a angariar recursos para a congregação junto a segmentos da economia. Tudo se mantém. O que não se mantém é a representatividade institucional. Isso me negam. Também sei que sou um privilegiado por ter trabalhado tanto tempo na mesma posição, o que é raro nas congregações.

Mas o senhor também deu uma dimensão particular a essa posição.

Acho que sim. Numa época difícil para o Brasil. Hoje a comunidade judaica se posiciona de maneira neutra perante os acontecimentos. Não existe uma definição própria, um rumo no que tange à sua posição perante fatores sociais e o caos da corrupção.

O esvaziamento de representatividade tem a ver com o caso das gravatas?

Por favor, coloque no papel o que trago no meu coração, porque vou falar de algo pela primeira vez. Antes não havia tido coragem nem vontade. Aquele foi um episódio desgastante, cheguei a pedir desculpas diante de câmeras das principais emissoras de TV do Brasil. Também tratei do assunto em livro autobiográfico. Falei em problema de saúde e no uso de um medicamento para dormir, o Rohypnol. O remédio teria me levado a cometer atos impensados. Ontem à noite, às vésperas desta entrevista e com o distanciamento que o tempo proporciona, decidi que não posso mais atribuir o que houve a fatores externos. Para ser e me sentir honesto, admito que cometi um erro.

Está dizendo que o furto não pode ser atribuído ao efeito de remédios, mas a uma falha sua?

Uma falha moral minha. E peço perdão. Veja o que escrevi ontem à noite: "É bom ser perdoado. Quando eu era menino, sempre que cometia um erro, podia contar com a compreensão, a ternura e o perdão dos meus pais. Lembro da sensação de ter um peso tirado do coração, uma gostosa certeza de ser aceito. (...) Quando cresci, foi a minha vez de conceder perdão aos meus pais pelos seus erros e fraquezas, fossem reais ou fruto da minha imaginação. Compreender nossos pais, e perdoá-los por serem menos perfeitos do que gostaríamos, é natural no processo de amadurecimento. Lembro das críticas se abrandando, os ressentimentos se dissolvendo, a consciência do afeto libertando a alma. É bom perdoar". E é muito bom perdoar a si próprio.

Como conseguiu chegar a essa aceitação dos fatos?

Eu era muito intolerante comigo quando me tornei rabino. O autojulgamento sempre foi severo e o sentimento de culpa, duradouro. Finalmente consegui me conscientizar de que o rabino é humano, portanto, falível. O incidente das gravatas é do conhecimento público, não preciso entrar em detalhes aqui... Tento me perdoar, o que não é fácil, porque perdoar não é esquecer. Se fosse, não haveria mérito no perdão.

O senhor passou seis anos nesse sofrimento, endossando uma versão? Afinal, como surgiu a história do remédio?

A palavra "surpresa" aplica-se à pergunta. De início houve a surpresa. Depois uma falta de crença na realidade, de que aquilo pudesse ter acontecido. Amigos procuraram afirmar que houve doença, queriam me proteger. Outros nem tanto. Quero ler mais um trecho sobre o perdão: "É impossível sobreviver se as raças não se perdoarem depois de tanta intolerância e preconceito. É impossível sobreviver se as religiões não perdoarem depois de tanto ódio e perseguições. É impossível sobreviver se as nações não perdoarem depois de tantas guerras e derramamento de sangue. Em todos os momentos e em todas as situações, as pessoas precisam ser capazes de dizer 'volte, eu te perdoo'. Dizer 'eu te amo, vamos tentar novamente'. Porque nunca é tarde demais". Perdoe o meu desabafo, mas há seis anos, todos os dias, lido com essa questão. Acho que posso amadurecer. E não deixar acontecer de novo.

Já acontecera antes na sua vida?

Não.

Foi um ato isolado?

Foi um momento que não sei explicar. A não ser como falha humana.

O senhor fala de um episódio anterior no livro, em que teria sido advertido numa loja, conseguindo pagar a mercadoria. Era parte da versão também?

Era parte da versão.

Nesses anos, teve ajuda psicanalítica?

Procurei um profissional, muito comunicativo e inteligente. Ele me ajudou a escrever o livro. Mas só agora posso assumir o que aconteceu.

Amigos ajudaram, outros, nem tanto. Sentiu-se abandonado?

A maioria das pessoas da comunidade não se manifestou. Hoje acho que muito daquele silêncio acabou sendo uma demonstração de apoio. E houve a oposição que não poupou esforços ao criticar. Já o grande público não judaico foi acolhedor. Achou estranho, mas evitou julgar.

Seu envolvimento com direitos humanos era um foco de tensão com a CIP? O senhor se expunha muito?

Deixe-me dizer que a experiência brasileira tem sido singular para o judeu. A hospitalidade encontrada aqui se converteu na liberdade que ele tanto buscava. Portanto, me parece perfeitamente compreensível que judeus se identifiquem com a luta dos direitos humanos e da justiça social neste País. Mas, respondendo à pergunta, não era fácil distinguir entre as críticas ideológicas e as críticas políticas a mim. Como qualquer líder público, alimentei adversários que procuravam motivo para a sua crítica. O caso das gravatas serviu para isso. Não digo que eu era o rabino mais popular, mas era certamente o mais ativo.

Anos atrás, o senhor dividiu a cena pública com líderes religiosos de peso, que o endossavam, como dom Paulo Evaristo Arns, dom Helder Câmara, o reverendo Jaime Wright...

....e agora dom Claudio Hummes. Tenho dom Claudio! Acho que posso contar esta passagem: sentindo a minha frustração de não poder ir ao papa, ele tentou, através do Vaticano, corrigir um problema político criado aqui. Não havia mais tempo, mas ele tentou. Sou grato a ele.

Dom Claudio ocupou o lugar de dom Paulo na sua vida?

Dom Paulo está afastado. Temos contatos esporádicos, especialmente quando ligo para ele. Mas dom Paulo não quer mais se inserir no dia a dia do Brasil. Meu interlocutor na Igreja Católica tem sido dom Claudio. É um homem íntegro, sensível, cauteloso em tudo o que faz. E seu conselho é confiável.

Este ano a família Herzog recebeu o atestado de óbito correto do Vlado - morto sob tortura e não por suicídio. Como recebeu a notícia?

Com muita alegria, porque Vlado merecia esse reconhecimento. E falta buscar outros Vlados cujos direitos foram violados, Vlados humilhados em vida e depois da vida. O trabalho pelos direitos humanos está apenas começando no Brasil. Temos um longo caminho a percorrer. E, enquanto for rabino, algo que pretendo ser até o fim da minha vida, assumo o compromisso de lutar por isso. A morte de Vladimir Herzog não terá sido em vão.

Quem o levou a decidir que Vlado fosse enterrado na área central do cemitério israelita, e não na área reservada aos suicidas, o que corroboraria a farsa da ditadura?

Dom Paulo. E foi dele que recebi o sábio conselho de organizar o culto na catedral. Quanto ao meu gesto: num conflito de forças opostas, é preciso avaliar bem o certo e o errado. Decidi apoiar os jornalistas, liderados por Audálio Dantas, seguir o conselho de dom Paulo e me manter ao lado da família Herzog. Porque eles falavam a verdade.

A que forças o senhor se refere?


De um lado, tinha a Chevra Kadisha, comitê de voluntários da comunidade encarregado de organizar o funeral conforme o rito judaico. De outro, tinha a família do Vlado, os jornalistas, dom Paulo. Vi que a Chevra Kadisha não estava representando a verdade naquele momento. Que tentou minimizar o ocorrido por cautela, medo ou falta de alternativa. Então não decidi entre duas verdades, porque isso não existe. O que existe é uma verdade acima de outra. Procurei o que era certo e Deus resolveria o resto. Isso significa ser judeu consciente. Assumir, agir, lutar se necessário. E confiar. Confiar.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,furto-foi-falha-moral-nao-doenca,1061775,0.htm