| | Todos nós procuramos consolo e queremos consolar. Mas a pura enormidade do mal que vivenciamos é tão irracional, que nos fogem as palavras apropriadas.
Após acompanhar as investidas do mal, surgindo e ressurgindo, imergindo para depois emergir, nosso dever é não permanecer incrédulos, indiferentes, em estado de choque ou petrificados. Para podermos "voltar à vida normal" e acreditar que podemos continuar e apostar em um mundo melhor há muito a ser feito e reconstruído, muito mais do que duas torres ou uma fortaleza que teve parte destruída. Mais que prédios, precisamos reconstruir nossa estima como seres humanos, continuar acreditando e apostando na reconstrução de nossas almas e seu poder sem medidas.
Os crimes contra a humanidade e a ameaça e estado de alerta constantes certamente não deixam ninguém muito confortável. Até para sair de férias, estudar no exterior ou planejar uma viagem de negócios exige hoje uma boa dose de confiança e paciência. Filas para passaportes, vistos, congestionamentos e revista tornaram-se um processo demasiado longo. Tudo por causa do terror que assola nosso planeta e invade nossas vidas.
Nos tornamos reféns dos assassinos de 11 de setembro que viraram nossas vidas do avesso. Reconstruir, acreditar, apostar em um futuro de paz com o ódio sendo eliminado do coração do homem virou fábula para crianças. Foi o ódio puro, desenfreado, indiscriminado, o ódio fanático e incurável que nos levou a isto. E é a ele que devemos combater e erradicar.
Qual é o remédio para o Ódio Injustificado? O Lubavitcher Rebe, de abençoada memória, respondeu a isso com clareza e convicção: o amor injustificado.
Cada um de nós pode fazer a diferença. O Rebe citava sempre o adágio de Maimônides: Cada pessoa deveria ver-se como o mundo inteiro estivesse num delicado equilíbrio, e com um ato ele ou ela pudesse inclinar e equilibrar a balança.
Um punhado de terroristas virou nosso mundo de cabeça para baixo. Não subestimemos o poder de cada um de nós para colocá-lo novamente a prumo.
Cada boa ação, cada expressão de bondade e amor, representará mil anticorpos para neutralizar o vírus do mal.
Às trevas só se dissipam com muita luz. Devemos acreditar na luz e brilho de nossas almas, em memória daquelas que nos deixaram imersos aqui nas trevas: devemos encher a terra com luz. Para derrotar o mal, o antídoto é o bem.
E quando fizermos nossa parte D’us certamente fará a Sua para proteger-nos e transformar nosso mundo naquele pelo qual tanto ansiamos e onde a data de 11 de setembro será cinzas lá longe, na cronologia do tempo ao lado de tantos crimes hediondos da história. Serão catalogadas como "arquivo morto".
Merecemos um final feliz, o início de uma nova era onde todos possamos enxergar o verdadeiro Rei surgindo, com Sua coroa de Glória. Que possamos reconstruir em breve o palácio do Rei, no centro do mundo, e deixemos Ele governar o planeta que criou com toda Sua sabedoria. Desta forma certamente inundaremos a terra com Chessed, bondade, através de Suas instruções e Seus eternos decretos, como as águas cobrem o leito do oceano.
Neste Rosh Hashaná que possamos fortalecer os três pilares que irão trazer mais equilíbrio e sustento ao mundo: Tefilá, tsedacá e teshuvá – prece, justiça (caridade) e retorno ao caminho de Torá e mitsvot. Esta é a balança e o equilíbrio, onde cada um de nós realmente conta e pode fazer a diferença. |
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