terça-feira, 6 de setembro de 2011

A mulher no judaísmo.


Por Chana Weisberg
“A alma do homem é uma lâmpada de D’us" (Pv 20:7).

O homem é um conglomerado complexo de céu e terra, espírito e matéria, fogo e pavio. Assim como a lâmpada, o homem  é constituído por três elementos que determinam a direção de suas ações. O pavio da vela, a chama, e o óleo podem ser comparados ao corpo e alma do homem, na fonte da Torá com suas mitsvot.


Sua alma, semelhante à chama quando acesa sempre aponta para cima, em busca de inspiração. Ela arde intensamente dentro dele, inspirando-o a se conectar ao seu Criador. Ele deseja romper totalmente os laços com o mundo físico a fim de transcender as barreiras da existência material e poder unir-se ao seu Criador.


A alma, quando livre para expressar-se, incentiva o homem a empreender buscas espirituais, quase o livrando da gravidade física que cerca sua realidade. No entanto, semelhante a chama da vela, após a alma realizar sua dança celestial, ela retorna novamente para iluminar este mundo e deixar sua impressão única na realidade física. Aderindo a Fonte final, a alma é abraçada. Somente porque sua existência é tão distinta, a alma é capaz de cumprir o propósito de sua descida, razão pela qual foi criada.


O corpo do homem, assim como o pavio da vela são bem físicos. Com limitações, necessidades e desejos, o corpo aprisiona e escraviza a alma dentro dele. No entanto, ao mesmo tempo que impõe restrições, o corpo abriga a alma e proporciona um meio para a sua expressão singular. A alma só pode sentir, perceber e saborear a realidade através dos sentidos do corpo, e somente é capaz de mover-se livremente utilizando os membros do corpo humano. Só pode pensar se for através da mente humana. O corpo tão físico é quem fornece um meio e uma oportunidade para o relacionamento da alma com a Criação.


Torá, como o óleo da lâmpada, é a fonte para os ideais do homem, dando a direção para uma vida significativa que o conecta ao seu Criador. As mitsvot acendem o potencial humano, mostrando-lhe, de uma forma concreta, como utilizar suas habilidades e talentos para um propósito Divino.


Esclarecedor, pura e clara, como o óleo, a Torá e suas mitsvot direcionam o potencial para atingir seu objetivo final.


"O espírito do homem gravita para cima" (Cohelet. 3:21).


Quando o homem é fiel ao anseios de sua alma, direcionando-a através da sabedoria e da luz da Torá, colocando na prática o cumprimento das mitsvot com todas suas faculdades e membros de seu corpo, ele gera luz tornando-se "uma lâmpada de D'us."


Toda sexta-feira ao entardecer, quando uma mulher risca um fósforo, acendendo uma chama que ‘bebe’ o óleo das luzes de Shabat, ela está desenhando, de forma muito real e física, esta luz. Esta não é uma luz passageira e ilusória, que a remove brevemente das preocupações mundanas, mas uma inspiração permanente que impregna a escuridão profunda de nossa realidade física. Estas chamas elevam o comum saturando de santidade o mundo e a Criação como um todo. E o Universo passa a ganhar uma perspectiva mais verdadeira, em harmonia e fiel a vontade de seu Criador.


Assim como as luzes físicas representam a alma do homem e do ser, cada mitsvá traz uma luz espiritual real a este mundo. As velas de Shabat dissipam fisicamente todas as trevas espirituais colocando fim à escuridão que nos rodeia. Já que envolvem a luz física, as velas do Shabat, mais do que qualquer outra mitsvá, harmoniza essa dicotomia que vacila entre corpo e alma na essência do ser humano, trazendo luz e inspiração para a temporalidade da vida.


"Um fogo perpétuo permanecerá em chamas sobre o altar; e não será extinto. " (Vayicra 6:6).


"Nosso coração é o altar. Em tudo que você faz, deixe uma centelha do fogo sagrado queimar dentro, para que você o transforme em uma chama" (Baal Shem Tov).


Quando o fósforo beija a vela, cria uma luz sagrada, revelando algo invisível e intangível, ao mesmo tempo vasto e potente: a energia Divina que envolve e ao mesmo tempo imbui toda a criação. Ao acender as velas do Shabat, a mulher tem o poder especial de revelar toda a santidade do Shabat. Seu ato de acender a vela e recitar a bênção apropriada atrai a aura especial deste dia sagrado que se espalha em pontos de luz em todos os lares judaicos que iluminam o mundo.

Chana Weisberg é diretora editorial do Chabad.org. Possui diversas obras publicadas, é palestrante internacional cujos temas envolvem espiritualidade, educação e questões relacionadas à mulher.

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