domingo, 28 de abril de 2013

TRANSFORMANDO A MORTE EM VIDA: LAG BAÔMER



O frágil cadáver do venerável mestre jazia sobre a terra coberto por um lençol de linho branco, através do qual emanava uma misteriosa e cristalina luz.
As fogueiras que iluminavam o ambiente faziam uma clara alusão à personalidade e à sabedoria do sábio, que através de seus ensinamentos dissipara as trevas deixadas pela opressão romana nos espíritos de Israel.
A data: Dezoito – que simboliza a vida – Do mês de Yiar, era a mesma na qual, décadas antes cessara a epidemia que ceifara a vida de vinte e quatro mil alunos de seu próprio mestre, o rabino Akiva.
As árvores de Alfarroba, cujos galhos dançavam ao ritmo da brisa, faziam eco aos doze anos nos quais o místico ficara escondido dos romanos numa fria e escura caverna estudando com seu filho, tendo seus frutos como único alimento.
O misterioso ambiente daquela noite fazia par com os mistérios Divinos revelados pelo ancião a seus seguidores durante as derradeiras horas de sua estadia em nossa morada terrena.
Os agradáveis perfumes exalados pelos arbustos de arruda e mirto aludiam à delicadeza e à sutileza do mundo transcendental cujos portões se abriam para a entrada de sua nobre alma.
O ambiente festivo ao redor do féretro, encomendado pelo próprio Rabi com batuques, flautas e rodas de dança, anunciavam a mensagem de que as trevas nada mais são do que o anúncio da chegada da manhã, assim como os sofrimentos não são mais do que a oportunidade de refinarmos a matéria e a morte física nada mais é do que o advento da vida eterna da alma.
No céu, uma delicada brisa empurrava as carregadas e cinzentas nuvens, abrindo espaço para que o brilho da lua e das estrelas se revelasse, fundindo se com a já poderosa luz que emanava do falecido ancião, o grande cabalista, rabi Shimon Bar Yochai, autor do livro base da Cabala, o ságrado Zohar, a obra do esplendor.
Rabi Shimon, que tantas vezes trouxera os céus à terra, finalmente retornara da terra aos céus!



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