quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Parashat CHAYEI SARA

"... E morreu Sarah em Kiriat-Arbá (Hebron), na terra de Canaã; e veio Abraham para lamentar Sara e pranteá-la...” (Bereshit 23:2)

A nossa Parashá começa falando sobre o falecimento de nossa primeira matriarca Sara. Rashi, em seu comentário sobre a Torá, explica que a morte de Sara está escrita logo após o episódio de "Akedat Yitzchak" – o sacrifício de Yitschak. Isto vem ensinar-nos que quando Sarah escutou que Avraham iria sacrificar seu único filho (o qual esperaram cerca de cem anos pelo seu nascimento), e logo após soube que ele não foi sacrificado, sua alma não aguentou e ela faleceu. Na tradução de Yonatan ben Yuziel sobre a Torá, encontramos um Midrash parecido, em que o Satan contou a Sarah que Avraham havia sacrificado Yitzchak e de tristeza e desgosto ela veio a falecer.

Aparentemente, encontramos uma grande diferença entre Avraham e Sarah. Avraham, com sua grande bravura e coragem, prontificou-se e estava disposto a ir sacrificar seu querido filho. Ao passo que Sarah, que tinha um nível de profecia ainda maior do que Avraham (vide Rashi Bereshit 21:12), não aguentou ouvir a notícia e acabou falecendo.

O Rabino Chaim Shmolevits explica que D'us, ao pedir a Avraham que passasse por este último teste de sacrificar seu filho, não lhe disse de uma vez só, mas aos poucos: "Pegue o seu filho" (e Avraham retrucou: tenho dois filhos, Yitzchak e Yishmael). "Seu filho único" (e Avraham respondeu: Cada um é único de outra mãe), "Que você ama" (mas eu amo os dois), "Yitzchak." (vide Rashi Bereshit 22:2). E o motivo por que D'us não lhe pediu de uma só vez que sacrificasse Yitzchak, foi realmente para Avraham ir-se adaptando com a ideia, devagar, e não acontecer o mesmo que aconteceu com sua esposa Sarah.

Aprendemos daqui uma grande lição. Uma das dádivas que D'us deu ao ser humano é a capacidade de se acomodar, a fim de conseguir suportar novas, e tantas vezes trágicas, situações. Com frequência passamos por situações em que parece não haver uma luz no fim do túnel: perdemos entes queridos, desemprego, conflitos... Se não fosse a capacidade que D'us nos deu de nos adaptarmos a novas situações não conseguiríamos sobreviver a tantos testes e desafios.

Porém, essa mesma capacidade que temos de nos adaptarmos, pode ser muitas vezes um inimigo ao nosso trabalho no cumprimento da Torá e as Mitzvot. Quando compramos algo novo que há muito esperávamos, nos primeiros dias a emoção e o entusiasmo são imensos. Tomamos o máximo de cuidado para nada acontecer com estas nossas novas aquisições, mas com o passar do tempo nos acomodamos, e esta nova situação e emoção terminam.

Temos que tomar cuidado para que essa adaptação natural que nos foi dada como presente, não esfrie o nosso entusiasmo e emoção no cumprimento das Mitzvot. Esta é uma luta que temos que travar contra os nossos instintos, e certamente aquele que consegue manter a alegria no cumprimento das Mitzvot sente muito mais prazer e realização em estar andando no caminho de Hashem.

Allan Zilberman, kollel

Dedicado à pronta recuperação de:
Rabino Mordechai Tzemach ben Mazal | Chaim David ben Messody | Chaie Mirke bat Luba
Mordechai ben Ester |
Gabriel ben Frida

Em memória de:
Dvora bat Duvid | Moshe ben Aharon | Israel ben Yeshaiahu | Fortunê bat Helen
Guitel Perel bat Rikva | Meier Leizer ben Guershon | Shaul ben Fani | Yitzchak Arie ben Leah Feige Chaia| Meir Zeev ben Avraham Hacohen | Menache ben Simcha
Perguntas, comentários, observações e maiores informações:
Rabino Daniel Segal: naamadaniel@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário