quinta-feira, 1 de setembro de 2011


A força dos judeus no exílio
A história dos judeus no Brasil começa, praticamente, com o Descobrimento. Na Europa, nesse período, as perseguições aumentavam. Depois das Cruzadas, os cristãos os perseguiam por toda parte e a força da Santa Sé os obrigava a viver em guetos. Na França e na Alemanha, os judeus eram acusados de provocar a peste negra - da qual escapavam devido aos rígidos princípios de higiene da Torá. Na Espanha, os reis católicos Fernando e Isabel criaram o Tribunal da Inquisição, pelo qual eram condenados à execução em praça pública (assim como os maometanos e os cristãos hereges) ou à expulsão do país.
Os primeiros judeus a chegarem ao Brasil foram justamente os que conseguiram sobreviver às perseguições da Idade Média, divididos em dois grupos: os askenazim, originários da Europa Central, principalmente da Polônia, e os sefaradim, descendentes dos judeus expulsos da Espanha e de Portugal, que viviam na Holanda, na Turquia e na Itália. Há diferenças de costumes entre esses dois grupos, mas os preceitos fundamentais são os mesmos.
Um terceiro grupo, menos antigo, é formado pelos hassidim, da Polônia. São judeus de origem alemã, que encontraram abrigo na Ucrânia polonesa, formando uma numerosa colônia. Mais tarde, com a revolta dos camponeses ucranianos, eles também foram expulsos desse território. Os hassidim pregam a bondade, a fé e o entusiasmo, além da obediência às leis de Deus com alegria.
Em Portugal e na Espanha, muitos judeus foram obrigados a converter-se ao catolicismo, para sobreviver. E esses convertidos, ou marranos, formaram um grupo de cristãos novos que acompanhou Vasco da Gama em suas viagens às Índias e Pedro Álvares Cabral ao Brasil. Havia muitos judeus entre os primeiros colonizadores e deles o mais conhecido é Fernão de Noronha.
Aqui, os judeus se dedicaram à indústria do fumo e do pau-brasil, mas não chegaram a formar uma comunidade organizada enquanto durou o domínio de Portugal, devido à Inquisição. Uma tentativa de organização aconteceu durante a invasão holandesa, quando mais de 600 judeus holandeses vieram para o Recife com o Rabino Isac Aboab da Fonseca. Porém, com a expulsão dos holandeses, a comunidade judaica praticamente desapareceu.
Depois, há notícias de imigrações pequenas no início do século 19 e algumas levas no começo deste século [N.E.: século XX], principalmente de judeus vindos da Rússia, onde o czar efetuava pogrons para persegui-los. As imigrações maciças tiveram início na segunda metade do século, durante e depois da Segunda Grande Guerra e só a partir da década de 40 os judeus se espalharam por todo o território nacional, com maior concentração em São Paulo.

Sexta-feira à tarde, nas comemorações do Shabat, a família judia se reúne, conforme a tradição
            
askenazim, sefaradim, hassidim, poloneses, holandeses, portugueses, espanhóis. Afinal, o que é um judeu? Um povo? Uma nação? Uma religião? A controvérsia sobre o conceito de judeu é tão antiga, e tão difícil de ser contornada, que chegou a provocar séria crise durante a organização do Estado de Israel. Para garantir o direito de retorno a todo judeu que se encontrasse na diáspora, era necessária uma cuidadosa conceituação, e isso foi bastante difícil.
Para os ortodoxos, ser judeu é fazer parte do povo escolhido, o primeiro povo monoteísta, a quem Deus revelou suas leis. Para eles, a origem, a observação da fé e a consciência comunitária são uma só coisa. Nos raros casos de casamentos de ortodoxos com parte não judia, antes deverá haver a conversão, com o que se encerra o problema. Mas os não-praticantes, que são muitos hoje em dia, não deixam de ser judeus só por não serem ortodoxos. Segundo as leis religiosas, um judeu é sempre um judeu, mesmo que se converta a outra fé.
Nos dias da Inquisição, mesmo os filhos e netos de judeus convertidos ao cristianismo eram considerados membros da nação judia, e ficavam sujeitos a perseguições e vigilância especial. Mais tarde, as leis raciais de Hitler atingiram até os bisnetos de judeus.
Os judeus do Velho Testamento eram reconhecidos pela circuncisão e pelo monoteísmo, pois as leis só foram reveladas após a fuga do Egito. Depois da Segunda Dispersão, com a expulsão de Canaã, para impedir que o povo judeu se diluísse no exílio, as leis e tradições orais foram reunidas no Talmud, formando um sistema de hábitos e costumes ético-religiosos que rege o judaísmo até hoje, e é responsável pela sobrevivência da identidade judaica durante dois mil anos de diáspora.
Para Ben Gurion, fundador do Estado Judaico, "judeu é todo aquele que se sente judeu", e adota como sua a religião, a forma de vida, a comunidade. Nas leis de Israel, judeu é todo aquele cuja mãe seja judia, ou se tenha convertido ao judaísmo.
De qualquer forma, essa unidade do povo judeu em torno de suas tradições foi responsável pela preservação de sua identidade no exílio, e a pedra fundamental dessa união é, sem dúvida, a Sinagoga.





Na sinagoga, a prática da religião

Depois da Destruição do Primeiro Templo, os sábios judeus reuniram as leis e tradições orais no Talmud e criaram a sinagoga. Chamada, em hebraico, de beit knesset (casa de reuniões), beit ham (casa do povo) e beit midrash (casa de estudos), ela hoje é considerada uma casa de orações. Em torno da sinagoga se reuniria o povo judeu, onde quer que estivesse, para impedir que a nação se dissolvesse no exílio.
Em todos os lugares onde chegavam, os judeus construíam primeiro uma sinagoga e, depois, uma escola. A vida da comunidade judaica gira em torno da sinagoga, que precisa guardar a Arca Santa, deve estar voltada para o Leste (direção de Jerusalém) e ter doze janelas, para lembrar as 12 tribos. Seus funcionários são o rabino, que é o líder espiritual da comunidade; o Chazam, dirigente do culto; o chamash, pessoa que cuida do bem-estar do serviço; e o gabai, encarregado da administração e organização do serviço religioso.
Não há uma autoridade religiosa central no judaísmo. Os rabinos-chefes, em Israel, cuidam apenas das questões religiosas do país e os rabinos de outros países não precisam obedecê-los, pois têm autonomia para resolver os assuntos de sua comunidade. Quando não há um rabino, como é o caso de Santos, uma pessoa mais velha ou mais instruída nas coisas da religião fica encarregada de dirigir o culto.
A primeira sinagoga fundada em Santos pertencia ao grupo dos sefaradim e chamou-se Beit Sion, Beit Tsion. Hoje em dia, essa sinagoga, situada na Rua Borges Nº264, funciona apenas uma vez por ano, nas festas de Rosh Hashana e Yon Kipur; atualmente tem sido aberta em cada ultimo shabbatot de cada mês.
É em torno da Beit Jacob, na Rua Campos Sales Nº137, que se reúne a maior parte da comunidade judaica de Santos. Ela funcionou primeiramente na Campos Melo, 258; depois, mudou-se para o nº 156, junto à Escola Hebraica, onde estudavam os filhos dos imigrantes. Nessa escola ensinava-se simultaneamente o português, o hebraico e o iídiche e a história dos dois povos.
Em 1946, a Beit Jacob mudou-se para a Rua Campos Sales, 143. A casa foi comprada, reformada e depois de um ano demolida, para que fosse construída a sinagoga que existe até hoje. A primeira diretoria era presidida por Samuel Ciocler, e tinha, como vice-presidente, Jaime Cymryng; secretário, Isaac Alperovitch; e tesoureiro, Samuei Gandelman.
O culto normal começa na sexta-feira ao anoitecer, quando os judeus começam a guardar o shabat.
Festa da família - Deus criou o mundo em seis dias e no sétimo descansou. Os judeus guardam o shabat no templo e em casa, pois o dia é sagrado e dedicado à família. A dona-de-casa prepara a comida do shabat com antecedência; a mesa é forrada com uma toalha branca e sobre ela, no centro, são colocados castiçais com duas velas.
Na frente do chefe da família, duas chalot (pães trançados) são cobertas com uma toalha especial; uma taça de vinho e pequenos cálices para os presentes são arrumados sobre a mesa. Antes de começar o shabat, a mulher acende as velas e pronuncia uma oração própria.
Depois, todos seguem para a sinagoga, onde é realizada uma cerimônia especial, o Kabalat Shabat. O shabat é comparado a uma noiva e todos os presentes voltam-se para a porta, para recebê-la. Ao chegar em casa, antes de a família sentar-se à mesa, o dono da casa reza o Kidush (oração do vinho), com todos os presentes em pé, respeitosamente.
Em 1925, uma grande leva de judeus veio para o Brasil, devido à Primeira Guerra. A América do Norte estava fechada para imigrantes, e o Brasil os recebia com boa vontade. Além disso, já havia um bom número de pioneiros que mandavam à Europa boas notícias sobre a vida que levavam aqui. Santos era o primeiro porto brasileiro de atracação para os navios que chegavam da Europa, e além disso já possuía algumas famílias judias instaladas com conforto. Por isso, muitos ficaram aqui.
Foi quando chegou Yochin Heumann, um judeu austríaco, hoje naturalizado brasileiro. Quando estourou a Primeira Guerra, Yochin era segundo sargento do exército austríaco, e lutou pela Áustria nas trincheiras. Sua cidade, Tchernovich, foi ocupada pelo exército da România, e, ao dar baixa, Yochin resolveu procurar um bom lugar para viver.
Veio para Santos seguindo as recomendações de um velho conhecido, o dr. H. Runes, que aliás foi o primeiro médico judeu a instalar-se em Santos. Sua primeira dificuldade foi adaptar-se ao clima, pois deixou a Áustria com um frio de 36 graus abaixo de zero, e encontrou aqui a temperatura beirando os 40 graus positivos. Na Alfândega, os funcionários se encarregaram de mudar o seu nome para Joaquim, que está em seus documentos e que usa até hoje.
Joaquim Heumann nasceu em 1898, no dia 7 de outubro, quando, no calendário judaico, estava sendo comemorada a festa da Alegria da Torá. Hoje tem 83 anos, está aposentado, e suas duas filhas, brasileiras, santistas, trabalham como supervisoras de ensino na Baixada. Sua vida no Brasil exemplifica bem o que se passou com os imigrantes judeus que escolheram Santos como local de residência.
Seu primeiro emprego foi de vendedor (klantele - cliente), como quase todos; depois, foi fornecedor de estradas de ferro, e mais tarde teve uma loja de calçados (Casa Universal) e uma loja de móveis. Enriqueceu e empobreceu pelo menos duas vezes, tornou a estabilizar-se, mas nunca se afastou da comunidade judaica, apesar de sentir-se integrado aos costumes da cidade e do País que o adotou. Aposentado como fiscal de obras, é um dos mais antigos representantes da comunidade em Santos.
Tradição no comércio - Como Joaquim Heumann, a maior parte dos judeus imigrados dedicou-se ao comércio. É que esta é uma das tradições conservadas pela comunidade nos países em que se instala. Na Idade Média, durante o período feudal, os judeus não tinham o direito de possuir terras, por isso trabalhavam no comércio. Mais tarde, quando os cristãos foram proibidos pela Igreja de emprestar dinheiro a juros, eles passaram a explorar também esse tipo de negócio. Não era costume guardar dinheiro em banco, e as constantes perseguições os impediam de comprar terras ou juntar muitos objetos pessoais. Por isso, guardavam dinheiro, que poderiam usar de imediato, em caso de necessidade.
Os judeus se afastaram, dessa maneira, da terra e da agricultura, devido ao exílio. Mas suas leis, suas orações e as festas de origem agrícola sugerem um permanente desejo de retornar ao artesanato e ao trabalho na terra. E é realmente isso que está acontecendo em Israel. Mas aqui, no Brasil, a tradição faz lembrar o judeu comerciante - primeiramente o mascate, depois o dono de loja e também o usurário, explorador dos juros. Aos poucos, isso vai se tornando apenas lembrança.
"Chlaper" - Hoje, os filhos de imigrantes judeus ocupam cargos em todos os setores da sociedade, a maior parte possui diploma universitário, alguns estão na política. Na Senador Feijó, as lojas de móveis, no Centro e no Gonzaga, o comércio variado preservam a tradição do judeu comerciante, pioneiro da venda a prestação, hoje uma prática das mais comuns no mercado nacional.
No começo haviam muitos mascates. Eles batiam palmas nos portões das casas, para oferecer sua mercadoria, por isso eram chamados chlaper (o que bate). Era uma das poucas profissões que podiam levar adiante, mesmo com a dificuldade de comunicação. Vendedor e freguês precisavam falar pausadamente, para se entenderem, e são inúmeros os casos engraçados de troca de palavras e desentendimentos, que os mais antigos da colônia agora lembram com bom humor.
Os mascates percorriam as ruas da Cidade e também os morros, e vendiam de tudo: roupas, sapatos, objetos de cama e mesa, lingerie, tecidos, artigos importados. Sua eficiência e pontualidade lhes valiam boa freguesia. Em caso de morte, por exemplo, o mascate era capaz de conseguir, em poucas horas, um guarda-roupa completo para o luto de seu freguês. Muitos donos de lojas começaram como chlaper.


Benjamin e Tauba estiveram em campos de concentração
Como todos os lugares onde existe uma colônia judaica, Santos também abrigou sobreviventes da perseguição nazista. Dos horrores daqueles dias, todos os membros da comunidade têm terrível lembrança, pois mesmo os que eram muito jovens na época sentiram a angústia de seus pais, e dos amigos de seus pais, reunidos em volta do rádio, à espera das listas de mortos e desaparecidos. Cada carta que chegava à casa de um membro da comunidade era motivo para tristes reuniões, quando eram divulgadas as notícias. Todos perderam alguém na guerra.
Benjamin e Tauba Petrkovsky estiveram lá. O casal de judeus, residente no Gonzaga, ainda sofre com a lembrança dos campos de concentração em que ambos viveram. Mas nenhum deles se recusa a falar do assunto, porque acham importante que o mundo não se esqueça do que aconteceu, e que as novas gerações de judeus saibam o que passaram seus antepassados.
Os números 141.444 e 3.333, tatuados em seus braços, são a marca dos campos de Auschwitz, onde Benjamin passou cinco anos, Litva, Lotva, Estônia, Riga e Studow, que Tauba percorreu durante seis anos. Câmaras de gás, torturas físicas e morais, fome, frio, separação entre familiares, doenças, sujeira, piolhos, trabalhos forçados são experiências que Tauba e Benjamin já narraram muitas vezes, para amigos, repórteres e estudantes que os procuram com freqüência. Uma situação que durou até 1945, quando a guerra acabou e Tauba fugiu do tut lager (campo de concentração), com mais seis amigas.
Caminhando e pedindo comida, elas percorreram uma parte da Alemanha invadida pelos russos, até chegar à cidade de Benjamin, Idunska Wola, para onde ele já havia voltado, depois da libertação. As moças estavam fracas, Tauba pesava apenas 36 quilos, e o prefeito da cidade resolveu ajudá-las, encaminhando-as para algumas casas onde já estavam vivendo outros judeus.
Divididos em grupos, eles se ajudavam mutuamente. Tauba era capaz de comer dois quilos de pão e tomar quantidades enormes de sopa num só dia. Benjamin resolveu ajudá-la a se recuperar, e nunca mais eles se separaram. No dia 9 de maio, quando se comemorava a queda de Berlim, eles se casaram, sob a proteção do prefeito, que providenciou o enxoval e uma festa que durou três dias.
No Brasil - Benjamin não encontrou mais nenhum de seus familiares, mas Tauba conseguiu localizar um irmão na Rússia e uma irmã no Brasil. Depois de morar sete anos na Polônia, o casal conseguiu seguir para Israel, onde teria ficado se Tauba, doente do coração, não precisasse procurar um país onde pudesse ser operada. Depois de dois anos de troca de correspondência com a irmã, que morava em Santos, Tauba mudou-se para cá, e foi operada por um médico santista, o dr. Domingues Pinto.
Apesar de tudo o que passaram, Benjamin e Tauba Petrkovsky acham que tiveram sorte. Aqui eles vivem bem, têm três netos (as duas filhas nasceram em Israel), e sentem-se integrados na cidade e na comunidade judaica. Mas, é claro, têm muita vontade de voltar a Israel.
Jovens e velhos judeus reúnem-se na Beit Jacob
Os
judeus radicados em Santos costumam reunir-se em clubes e associações, como a Wiso, que é uma organização beneficente feminina mundial, ligada à Unicef; e na Loja Shalon, uma das divisões da Associação Beneficente e Cultural B'nai B'rit, entidade de âmbito internacional. A Loja Shalon é uma espécie de irmandade, que se empenha em manter as tradições judaicas, fazer benemerência e defender os direitos humanos.
O Centro Cultural Israelita Brasileiro reúne a colônia em torno de várias atividades, inclusive numa barraca de praia, onde todos se reúnem aos domingos, e onde só se fala iídiche. É a primeira junto ao Canal 3, atrás da Concha Acústica. Há também um grupo de danças folclóricas, o Rikut Yan, que ensaia todos os sábados e se apresenta em festivais em várias cidades do País. O Centro possui também um coral feminino, que tem um repertório variado.
Mas é na Sinagoga Beit Jacob que os judeus se encontram com mais freqüência, na prática do culto e nas comemorações das principais festas do calendário judaico.

Grupo de imigrantes, alunos e professores da Escola Israelita, que funcionava junto à singagoga
Além do Shabat, a sinagoga Beit Jacob abre para outras festas do calendário judaico que são guardadas pela colônia santista. Para os judeus, o ano começa no mês de tishrei, e sua primeira festa é Rosh Hashaná, que é a cabeça do ano (dias 1 e 2 de tishrei). Antes do Rosh Hashaná as pessoas costumam fazer as pazes, se estiverem zangadas, pois acredita-se que nesta data os judeus serão inscritos nos livros da Vida ou da Morte.
Na sinagoga, é tocado o shofar, instrumento feito de chifre de carneiro, para lembrar o sacrifício de Isac, filho de Abrahão (ao entregar o menino para o sacrifício, Abrahão o liberou para a vida), e também a Torá (quando os judeus receberam a Torá, tocou-se o shofar). Durante o Rosh Hashaná é costume trocar cartões desejando shaná tová (um ano bom), e comer um pedaço de maçã mergulhada no mel.
O dia 10 de tishrei é o dia mais importante da vida judaica - o Yom Kippur - chamado Dia do Perdão, Dia do Jejum e Dia do Juízo Final. Se no Ano-Novo o judeu é inscrito nos livros da Vida ou da Morte, no Yom Kippur ele é confirmado em um desses livros. Os dez dias entre Rosh Hashaná e Yom Kippur são reservados para que as pessoas reflitam sobre coisas boas e más, e rezem para serem inscritas no Livro da Vida.
Durante todo o Yom Kippur a sinagoga permanece aberta, e os fiéis, em jejum, fazem suas preces. Na véspera, à tardinha, é feita uma refeição festiva, antes que comece o jejum. À noite, com uma oração, o Kol Nidrei, é permitido que todos os que se afastaram da comunidade voltem aos ensinamentos divinos. No dia seguinte, é feita a confissão dos pecados, uma cerimônia coletiva, uma das raras vezes em que os judeus se ajoelham para a oração pelos finados. No fim do dia, o toque do shofar anuncia que o jejum terminou.
Festa das cabanas - Dia 15 de tishrei começa a festa de Sucot, quando é lembrada a fuga do Egito, quando os judeus moravam em cabanas. É uma festa agrícola, e inclui a bênção ao lulav (palma amarrada com murta e salgueiro), e ao etrog (limão cheiroso).
A festa de Sucot dura 7 dias, e na última noite é comemorada a Simchat Tora, ou Alegria da Torá. Nesse dia termina a leitura periódica da Torá, e todos os rolos são retirados da Arca Santa, onde se encontram, para que com eles se faça a volta na sinagoga.
Chanucá - Essa festa, no dia 25 do mês de kislev, comemora a vitória dos macabeus e dos sírios, que entraram no templo de Beit Hamikdash, o limparam e reconstruíram, e deram início a uma festa de inauguração, Chanucá. Diz a tradição que quando eles entraram no templo ele estava em completa escuridão, mas ficou iluminado por 8 dias, com óleo suficiente para apenas 1 dia. Por isso, durante o Chanucá é acesa a Chanukiá, candelabro com oito velas coloridas.
Purim - Purim é a festa carnavalesca da vida judaica, e lembra o tempo em que os judeus viviam em paz na Pérsia, sob o domínio do rei Assueiro. O primeiro-ministro Haman, que os odiava, sorteia um dia para que sejam exterminados; o dia 14 de adar. Os judeus foram salvos pela rainha Ester e seu tio Mordechai, e Haman foi enforcado na mesma forma que havia preparado para Mordechai. É um dia de alegria, e costuma-se comer doces chamados "orelhas de Haman". Na sinagoga, é lido o Livro de Ester.
Pessach - Durante sete dias, para lembrar a escravidão no Egito e a libertação, os judeus comemoram a Pessach, ou Páscoa. A história de Moisés, das dez pragas do Egito (sangue, rãs, piolhos, animais selvagens, peste, granizo, feridas, gafanhotos, trevas e morte dos primogênitos) e da fuga pelo Mar Vermelho são lembradas nessa festa. Na primeira e na segunda noite de Pessach é costume servir um jantar festivo - sêder - com um prato de maçã ralada com nozes, mel e açúcar, para lembrar a lama com que os judeus fizeram tijolos no Egito; e com o matsá (pão ázimo), para lembrar que os judeus não tiveram tempo de esperar o pão fermentar quando saíram do Egito.
Dias de Omer - Na segunda noite de Pessach começa a contagem dos 49 dias de omer. No princípio, esses dias eram alegres, mas quando Jerusalém foi tomada pelos romanos, eles tornaram-se tristes, e não se pode casar nem fazer festas. Um grupo de jovens revoltou-se contra os romanos, mas fracassou e teve de retirar-se para cavernas, onde muitos morreram, vitimados por uma epidemia. No dia 33 de omer essa epidemia acabou, e a partir daí as festas e os casamentos estão liberados.
Sivan - Durante o mês de sivan, é comemorada a Festa de Shavuot, sete semanas após o Pessach. A sinagoga é enfeitada com flores e folhas, pois trata-se de uma festa agrícola, e lê-se o Rolo de Ruth.
Ruth foi a primeira jovem não judia que se converteu para seguir a religião de seu marido. Ela disse, para sua sogra, uma frase que ficou gravada na tradição judaica: "Sua fé é a minha fé, seu povo é o meu povo, seu país é o meu país". Toda jovem que se converter ao judaísmo deve chamar-se Ruth.
Iniciação - Há ainda outras cerimônias que os judeus conservam, e que fazem parte da iniciação da pessoa na religião. A circuncisão é um dos princípios judeus baseados na higiene: com o Bar Mitzvá, o menino de 13 anos de idade assume as responsabilidades e os deveres de homem judeu perante Deus. Nesse dia, ele sobe ao altar pela primeira vez, para a leitura da Torá, e ganha o seu talit (xale) e o seu tefilin (caixinha de couro, com orações). A menina, aos 12 anos, tem o seu Bat Mitzvá, que é feito à noite, durante a festa de aniversário.
Kadish - Não há um cemitério judeu em Santos, e os enterros são feitos em São Paulo. Para os judeus, o kadish, cerimônia que se segue à morte, é muito importante. As famílias mais próximas guardam sete dias de rezas, chamados shivá, e sentam-se em tamboretes ou no chão, para ficarem mais próximos do morto. O caixão é simples, e o morto é envolvido apenas com um lençol branco, simbolizando a igualdade de todos após a morte. Todos os anos, no aniversário do falecimento - yurtzait -, acende-se uma vela e reza-se em homenagem ao parente que morreu.

Fachada da Beit Jacob, na Rua campos Sales
Bror Chail, um dos mais famosos kibutz de Israel, nas proximidades do Deserto de Neguev, foi criado por jovens judeus brasileiros, entre eles o santista Bernardo Cymryng, que lá se chama Dov Tzanir, e que chegou a ocupar a alta função de secretário do primeiro-ministro Itzac Rabin, do Partido Trabalhista, antes que Beguin subisse ao poder.
Orgulhoso, Jaime Cymryng, pai de Bernardo, conta a história de seu filho, que hoje voltou às suas antigas funções de ceramista, em Bror Chail, mas continua sendo um dos mais conceituados líderes políticos de seu país. Ele representa a nova geração de judeus, os idealistas que abandonaram o exílio de seus pais e voltaram a Israel, para realizar o seu ideal sionista.
O kibutz de Bror Chail praticamente nasceu aqui no Brasil, em fazendas-modelo situadas em Jundiaí e na divisa entre São Paulo e Rio de Janeiro, onde jovens descendentes de judeus, pertencentes ao Movimento Sionista Brasileiro, eram treinados para a vida em um kibutz. Eles seguiram primeiro para o kibutz sul-americano, e depois, nas terras onde nasceu Sansão, implantaram Bror Chail.
Com terra importada da Itália, e levada de navio, o pântano transformou-se em terra produtiva e, apesar das enormes dificuldades, hoje lá são empregados os mais modernos métodos de agricultura e pecuária. Com igualdade de direitos, homens e mulheres trabalham, semeiam, e também empunham seus fuzis, quando é necessário defender o kibutz dos ataques terroristas.
Isso motivou a criação de creches-escola coletivas, onde uma só mulher - a metapélet - atende com eficácia várias crianças. Aliás, a palavra kibutz quer dizer coletivo e tudo lá é feito para o conforto da Comunidade. O dirigente do kibutz tem os mesmos deveres e direitos de todos, e faz o mesmo trabalho. Todos os dias, cada um recebe a sua tarefa, embora muitos tenham empregos na cidade, de acordo com suas aptidões.
Fazer aliá - Quando Jaime Cymryng chegou ao Brasil, em 1928, tinha apenas 20 zlotes (dinheiro polonês) no bolso, e trabalhou dois dias na Ford, de onde foi despedido porque estava muito fraco, e não conseguia fazer todo o serviço que lhe era atribuído. É que, com um ordenado de 2.500 réis por dia, só era possível fazer uma refeição, e o trabalho acabava sendo demais.
Depois de percorrer algumas cidades de São Paulo, e de sofrer um acidente de ônibus, que o deixou bastante ferido, ele conseguiu estabilizar-se em Santos, como mascate, e pôde instalar a mulher e o filho, Bernardo, que desde cedo interessou-se pela política e pelo sionismo. Logo Jaime teria de enfrentar a mesma situação de outros judeus, cujos filhos decidiam fazer aliá, isto é, seguir para Israel.
Quando acabou o colegial, Bernardo entrou para a Organização Sionista, e foi um dos fundadores do Movimento Juvenil Dror em Santos. Esclarecido sobre a história de Israel, ele fazia palestras entre os membros da colônia santista, enquanto juntava dinheiro para a viagem, e foi com o primeiro garin (grupo) que saiu do porto de Santos.
Hoje, afastado de sua função no ministério, Bernardo Cymryng continua suas atividades políticas, enquanto trabalha na fábrica da famosa cerâmica de Bror Chail, exportada para todo o mundo. O kibutz que ajudou a fundar é um dos mais famosos de Israel, e tem uma escola para brasileiros, com currículo brasileiro e validade no Brasil. O diretor dessa escola, Henrique Yampolsky Vampa, também é santista.
Fonte: Jornal Novo Milênio, Infelizmente este jornal Santista esta fora do ar na Net!!!

Parabéns a Toda Colonia Judaica Santista, pelo esforço e dedicação, para com o JUDAÍSMO mantendo sempre acessa a chama!!!

Em Santos cada judeu e judia são guerreiros, Parabéns, Parabéns Parabéns!!!

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