quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Indicação de leitura


Leitura, um hábito esquecido

Brasileiros leem em média 1 livro por ano; estatística sobe para 4, quando são incluídos os livros didáticos.



A pergunta é simples e não vale mentir! Quantos livros você leu no ano passado? Dois, um, nenhum? Se a resposta for uma destas, saiba que você está entre os 77 milhões de brasileiros que não têm o hábito de ler.
Uma pesquisa do Instituto Pró-Livro realizada em 2008 confirma que o brasileiro lê pouco. Em média, 1,3 livro por ano. Se nesta estatística forem somadas as obras didáticas e pedagógicas, o número sobre para 4,7 – considerado ainda baixo.
Entre os leitores, 41% disseram que gostam muito de ler no tempo livre, enquanto 13% admitiram que não gostam de ler de jeito nenhum. Entre os 95 milhões de leitores brasileiros, 75% disseram que sentem prazer ao ler um livro, mas 22% sustentaram que leem apenas por obrigação.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a população lê, em média, 11 livros por ano. Já os franceses, sete. O levantamento considera como não leitores aqueles que declararam não ter lido nenhum livro nos últimos três meses, ainda que tenham lido ocasionalmente ou em outros meses do ano.
O levantamento ainda aponta sobre hábitos de leitura. Os brasileiros ficaram em 27º em um ranking de 30 países, gastando 5,2 horas por semana com um livro. Os argentinos, vizinhos, ficaram em 18º.
Mas a indiferença dos brasileiros pelos livros tem raízes mais profundas. Séculos de escravidão levaram os líderes do país a negligenciar a educação. A escola primária só se tornou universal na década de 90. O rádio era uma presença constante nos anos 30, e por fim a experiência eletrônica chegou antes da escrita. “A média de leitura é muito baixa. O brasileiro não tem o hábito de ler livros. Ele gosta de ver televisão, de ir ao cinema, e não percebe que o livro faz bem para a mente e costuma ser melhor até do que ver um filme”, considera o gerente da biblioteca de Ipatinga e escritor Fernando Nunes. 

Jovens leem mais 
Apesar do baixo índice de leitura, o levantamento aponta que houve uma melhora em relação à última pesquisa realizada em 2000. Se antes a população acima de 15 anos lia 1,8 livro por ano, em 2008 essa taxa subiu para 3,7. Ao incluir a população acima de 5 anos nessa nova pesquisa - o que não foi apurado no estudo de 2000 -, o índice alcança 4,7 livros por ano.
Além do índice de leitura crescer conforme a renda e a escolaridade, a pesquisa mostra que jovens e crianças são os que mais leem. Se a média nacional de leitura entre a população acima de 5 anos é de 4,7 livros por ano, entre os estudantes dos ensinos fundamental e médio o índice sobe para 7,2. Já o público de 11 a 13 anos chega a ler 8,6 livros por ano.
Na biblioteca de Ipatinga, cerca de 10 mil pessoas estão cadastradas. Desse total, 20% são leitores assíduos, sendo boa parte constituída de jovens estudantes. “Na Inglaterra, por exemplo, os jovens leem com desejo ardente, e isto também está chegando aqui no Brasil. Os jovens têm criado o hábito de leitura e a publicidade também ajuda neste sentido. Os livros mais procurados hoje são ‘Caçadores de Pipas’, ‘A menina que roubava livros’ e obras de Paulo Coelho, Augusto Cury e épicos de Monteiro Lobato”, disse o escritor.
A estudante Tainá Souza dos Santos, 16, se considera uma viciada em livros. Só no ano passado, segundo conta, leu vinte livros, entre os pedidos pela escola e aqueles por sua própria curiosidade. “No ano passado eu li toda a séria ‘Crepúsculo’ sem parar. Li também Capitães de Areia e outro que agora não me recordo. Mas sou apaixonada por livros”, diz.
Para ter acesso facilitado aos livros, Isternândia Araújo França, 16, deu um jeito de providenciar sua carteirinha de sócia na biblioteca municipal. “Em 2009, eu li cinco livros, entre eles ‘Poliana Moça’ e algumas obras de Clarice Lispector. Tinha uns três meses que eu estava parada com livros e estou fazendo minha carteirinha para eu poder pegar livros quando quiser”, afirma.


Mercado de livros

As previsões pessimistas de que a Internet iria esmagar o setor de publicação de livros através dos leitores digitais e das vendas online de livros usados não se concretizaram. Fato que atingiria as livrarias.
A coordenadora de uma livraria em Ipatinga, Viviane Andrade,  disse que, ao contrário do que se previa, no ano passado houve um incremento de 50% na venda de livros se comparado ao ano anterior.
Para atrair os consumidores, a estratégia da loja baseia-se em pesquisas sobre quais livros estão sendo mais vendidos em todo o país. “Aí a gente monta a vitrine de acordo com essa ordem e dá certo. Os leitores pesquisam sobre os livros, trocam ideias e acabam comprando. Ano passado nós batemos o recorde com a série Crepúsculo com os adolescentes e adultos também”, disse Viviane.
A engenheira Roberta Alves dos Santos, 32, conta que fica de olho nos lançamentos. “Ano passado li oito livros, entre ele ‘Cabana’, que amei. É um livro que mostra a falta de fé do personagem e apresenta um final surpreendente. Meu próximo livro será Arte da Guerra”, disse.


ENQUETE:

QUANTOS LIVROS VOCÊ LEU NO ANO PASSADO?

“Não li nenhum. E não é por falta de oportunidade. É preguiça mesmo.”
José Pedro Santos, 46, torneiro mecânico


“Eu gosto muito de livros de suspense. Ano passado eu li três, mas, não me recordo os nomes.”
Domingos Ferreira Neto, 33, agente administrativo


“Eu li dois. ‘A menina que rouba livros’ e ‘Código da Vinci’. Mas leio mais livros que a escola pede.”
Marcos Túlio Werneck, 22, estudante


“Não li nenhum. Não tenho hábito de ler. Não gosto, acho chato e tenho preguiça.”
Luiza Rocha Soares, 47, dona de casa





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