quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A Origem dos sobrenomes.






Cohen, Levy, Katz & CIA: A origem dos sobrenomes

Dr. Harvey Minkoff. Adaptado de Di Yiddishe Heim




É de conhecimento geral que sobrenomes como Cohen, Levy e Katz são praticamente exclusivos dos judeus e que Gross, Schneider, Schwartz e Weiss comumente também indicam famílias judias. Os sobrenomes do povo judeu originaram uma importante fonte de conhecimento sobre história e cultura judaicas.

De acordo com o segundo capítulo de Bereshit, no início dos tempos, todas as coisas vivas foram trazidas a Adam para que ele as nomeasse. A vida era obviamente mais simples quando havia apenas dois de cada espécie. De fato, mesmo o nome de Adam é uma das palavras hebraicas para homem; e a Bíblia regularmente se refere a sua esposa como haishá - "a mulher."

À medida que as pessoas se multiplicavam, contudo, e se tornou necessário distinguir uma da outra, surgiram nomes próprios. E quando estes não mais eram suficientes, várias formas de nomear foram adicionadas, mostrando ascendência, profissão, origem ou alguma outra característica que diferenciasse os diversos Yossefs, Aharons ou Miriams que viviam numa única comunidade. Desta forma, na Bíblia, encontramos parentesco para ambos, judeus (Yehoshua ben [filho de] Nun, e não-judeus (Balak ben Tsipor, Bil'am ben Beor), bem como nomes que incorporavam uma série de antepassados - Côrach ben Yits'har ben Kehat ben Levi. Durante o período talmúdico encontramos Yochanan, o Sapateiro; Hillel, o Babilônio; Gamliel, o Ancião; Aba Arika, o Alto.

Os modernos sobrenomes hereditários remontam ao fim da Idade Média e, entre os judeus, uns poucos séculos mais tarde. Começaram com as famílias reais, ansiosas por identificar a si mesmas com um famoso ancestral ou propriedades. Quando os nobres imitaram a realeza e a plebe os nobres, os sobrenomes estabeleceram-se por toda a Europa.

Embora judeus emancipados tomassem sobrenomes em reconhecimento a sua assimilação cultural, os judeus em geral primeiramente resistiram à tendência. Mas à medida que as cidades e as nações começaram a organizar arquivos oficiais, tornou-se óbvio que apelidos de família permanentes eram essenciais à eficiência; e dos judeus foi exigido que adotassem sobrenomes em um país após o outro - na Áustria em 1787, França em 1808, Prússia em 1812.

Ao adaptar a antiga tradição sob a qual cada judeu é identificado ou como um descendente de Aharon, o primeiro sacerdote (cohen) ou da tribo de Levi, ou do resto da nação judaica (Israel), muitas famílias chamavam a si mesmas de Cohen, Cohn, Kahn, Kahana; Levy, Levi, Levin; Israel, Iserel. Outros empregavam títulos-padrão de sinagogas como Chazan, (cantor) e Beck, de Baal Corê, ("o ledor da Torá") ou acrósticos como Katz, de Cohen Tsêdec, ("o justo sacerdote") e Segal, de Segan Leviyá ("ajudante sacerdotal").

Apesar da severa condenação do Shulchan Aruch de apelidos pejorativos, as pessoas com os mesmos nomes eram distinguidas por características físicas como Grande, Pequeno, Magro, Gordo. Isto é mais evidente em famílias com diversos primos com o mesmo nome de um avô, uma situação que resulta em nomes como Moshê der roiter ("o ruivo") em oposição a Moshê der shvartser ("o moreno").

Mas talvez os mais antigos de todos - de volta às bênçãos de Yaacov sobre seus filhos ao final de Bereshit - são aquelas designando atributos de animais: Yehudá, Gur Aryê ("jovem leão"), Binyamin, Zev ("lobo"), Naftali, Hirsch ("cervo").





Embora judeus emancipados tomassem sobrenomes em reconhecimento a sua assimilação cultural, os judeus em geral primeiramente resistiram à tendência.



Durante a Idade Média na Alemanha, era comum que um nome judaico fosse seguido por seu equivalente germânico, como Aryê Lowe ("leão"), correspondendo ao yidish Aryê Leib, Dov Ber ("urso"), Tsevi Hirsch ("cervo"), Zev Wolf ("lobo"). Este costume era aparentemente difundido, como pode ser observado em sobrenomes russos. Lev ("leão"), Volk ("lobo"), Olen ("cervo"), Medved ("urso") e mesmo o nome espanhol Lopez, do latim lupus ("lobo").

Enquanto os sobrenomes escolhidos para si mesmos eram agradáveis ou ao menos neutros, os forçosamente impostos eram freqüentemente cruéis. Motivados por amplo anti-semitismo ou o desejo de suborno, as autoridades impingiam a suas vítimas nomes como Kalb ("bezerro"), Knoble ("alho"), Schlemmer ("comilão"), Zwieble ("cebola").

Poderíamos presumir que as colônias judaicas deram origem ao árabe ibn Ezra; ao inglês, Israelson; ao alemão, Mendelssohn; ao russo, Jacobowitz; ao polonês, Abramowicz. E a este respeito é interessante notar a popularidade de um nome como David, que forma a base de Davidson, Davidowitz, Davidowicz, além de nomes que terminam em -berg ("cidade"), -berger ("da cidade"), -owitz e -ski ("de"), como Greenberg, Goldberg, Gartenberg, Neuberger, Isenberger, Moskowitz, Washavski, Poznanski.

À medida que os judeus migraram de um país para outro, por força ou por escolha, tinham constantemente de anglicizar, galicizar, hebraizar, diminuir, aumentar, dar outra grafia, reinterpretar ou simplesmente mudar nomes que antes tinham significado em outra língua.

Desta maneira, o nome descritivo Frummer ("religioso") tornou-se Farmer; Gartenberg tornou-se Gardener, ao contrário de nomes profissionais judaicos. Do mesmo modo, Shkolnik tornou-se Eshkol; Myerson, Meir; Gruen, Ben Gurion; Berg tornou-se Boroughs; Schreiber, Writer e Wright; Chayat tornou-se Hyatt ou talvez Chase.

E, por ironia, todo o propósito dos sobrenomes, o de possuir um registro permanente de laços familiares - ficou subvertido.

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