terça-feira, 28 de maio de 2013

SAÍDA DO CEMITÉRIO / TAHARAH - PREPARAÇÃO DO CORPO.






1. Costuma-se após acompanhar um féretro, não voltar pelo mesmo caminho que veio, se for possível. Pelo menos deve-se evitar encontrar-se com as mulheres que estiveram também acompanhando, pois isto não é bom para ambos. Após o enterro, arranca-se um pouco de grama (exceto em Yom Tov e Chol Hamoed) e jogá-la por cima do ombro direito para trás pronunciando a seguinte frase: "Veyatsisu me'ir keêssev haáretz; zachur ki afar anáchnu" Tradução: “Que eles (os falecidos) brotem (ressuscitem) como as plantas da terra”. Isto é feito para demonstrar que o falecido brotará de novo à vida na época da ressurreição dos mortos (Techiyas Hametim )



2. Antes de voltar para casa, deve-se lavar as mãos três vezes intercaladas tomando o cuidado de não passar a caneca de mão em mão. Como também, costuma-se não enxugar as mãos. Se esteve próximo do morto, ou se foi ao cemitério, não deve entrar em casa antes de lavar as mãos da forma acima

3. Ao sair do cemitério cada pessoa deverá fazer netilat yadáyim – ablução das mãos. Não se costuma passar a caneca de netilat para outra pessoa após usá-la para mostrar que não passamos tristeza a outras pessoas. A caneca deverá ser colocada com a abertura para baixo, indicando que toda vida chegará ao fim. As mãos não devem ser enxugadas em sinal de que a memória do falecido ainda permanece conosco.

4. Após lavar as mãos recita-se o versículo (Yeshaiahu XXV): “Bilá hamavet lanetsach, umachá Ado-nai Elo-him dim’á meal col panim vecherpat amo yassir meal col haarets ki ado-nai diber” – “Abolirá a morte para sempre, e D’us apagará as lágrimas de todas as faces, e a vergonha de Seu povo tirará de toda a terra, pois assim disse D’us”. 

5. Costuma-se sentar sete vezes em locais diferentes e recitar o Salmo 91 a cada vez. Isto é válido até mesmo para uma pessoa que não foi ao cemitério, mas apenas acompanhou o féretro.








Taharah – Preparação do Corpo
  Por Maurice Lamm
 
"Assim como veio, ele deve ir"
                                   Cohêlet

Assim como um recém-nascido é imediatamente lavado e entra neste mundo limpo e puro, também aquele que parte deste mundo deve ser limpo e purificado através de um ritual religioso chamado taharah (purificação).

Leis referentes à Tahará

A tahará é realizada pela Chevra Kadisha (Sociedade Sagrada, i.e., Sociedade Funerária), composta por judeus instruídos na área dos deveres tradicionais, e que podem mostrar o devido respeito aos falecidos. Além da limpeza física e da preparação do corpo para o enterro, eles também recitam as preces exigidas pedindo perdão a D'us por qualquer pecado que o morto possa ter cometido, e rezando para que o Todo Misericordioso o guarde e lhe conceda a paz eterna. 



Fazer parte da Chevra Kadisha sempre foi considerada uma grande honra comunitária concedida apenas àqueles que são realmente piedosos. Não-judeus, sob nenhuma circunstância, podem realizar estas tarefas sagradas de preparar o corpo, pois o ritual de tahará de maneira alguma é meramente um ritual higiênico. É um ato religioso judaico.

Em preparação para o enterro, o corpo é completamente limpo e envolto numa mortalha simples branca de linho comum. Os Sábios decretaram que tanto a roupa como o caixão devem ser simples, para que um pobre não receba menos honra na morte que uma pessoa rica. O corpo é envolto num talit com seus tsitsit, franjas, rasgadas para torna-los inválidos. 

O corpo não é embalsamado, e os órgãos e fluidos não devem ser removidos. O corpo não deve ser cremado. Deve ser sepultado na terra. Os caixões não são obrigatórios, mas se forem usados, devem ter buracos para que o corpo possa entrar em contato com o solo. [Este texto, dentro dos colchetes, é de autoria da Chevra kadisha: É proibido embalsamar o corpo, pois o sangue do morto faz parte dele e deve ser enterrado com ele. Quando se faz necessário transportar o corpo para outra localidade, a Chevra kadisha aplica as técnicas de conservação de cadáveres permitidas pela tradição judaica e de acordo com a legislação brasileira. 

Dentes de ouro, dentadura, lentes de contato e próteses devem ser retirados do corpo e não serem enterrados com ele. 

É permitido deixar os enlutados verem o falecido antes de fechar-se o caixão, mas deve-se persuadi-los a não fazê-lo. Tocá-lo ou beija-lo é proibido.]

O corpo nunca é exibido em funerais; cerimônias com o caixão aberto são proibidas pela Lei Judaica. É aconselhável que membros da família imediata se ausentem durante a purificação, pois embora sua presença pudesse constituir um símbolo de respeito, é considerado muito doloroso para assistirem. O rabino pode agendar essa purificação através da Chevra Kadisha. A tarahá é a maneira milenar judaica de mostrar respeito pelos mortos. Isso não é meramente um "antigo costume" ou uma "bela tradição", mas uma exigência absoluta da Lei Judaica. 

Vestir o Corpo

A tradição judaica reconhece a democracia da morte. Portanto, exige que todos os judeus sejam enterrados com o mesmo tipo de roupa. Ricos ou pobres, todos são iguais perante D'us, e o que determina sua recompensa não é aquilo que vestem, mas aquilo que são. 

Há 1900 anos, Rabi Gamaliel instituiu essa prática para que os pobres não se envergonhassem e os ricos não rivalizassem entre si ao exibir roupas dispendiosas ao serem enterrados.

As roupas a serem vestidas devem ser apropriadas para alguém que em breve estará em julgamento perante D'us Todo Poderoso, o Mestre do Universo e Criador do homem. Portanto, devem ser simples, feitas à mão, perfeitamente limpas e brancas. Estas mortalhas simbolizam pureza, simplicidade e dignidade. Mortalhas não têm bolsos. Portanto, não podem levar riquezas materiais. Nem um pertence do homem, exceto sua alma, tem importância. 

A Chevra Kadisha tem um suprimento dessas mortalhas. Se decorrer algum tempo antes de serem obtidas, o funeral deve ser retardado, pois são consideradas muito importantes. As mortalhas devem ser feitas de musselina, linho ou algodão. A regra é que não se deve gastar muito mais que o preço do linho, mas usar um tecido menos dispendioso. 

O falecido deve ser envolto em seu talit – não importa se é ou não dispendioso, novo ou velho. Uma das franjas deve ser cortada. Quem não era observante ou acostumado a colocar talit pode, se desejado, ser enterrado num talit comprado especificamente para esse fim. A família do falecido deve decidir nesse caso.

O texto abaixo é de autoria do Rabino Shamai Ende, retirado de seu livro “Os Últimos Momentos”

A lavagem e a Tahará (purificação) do corpo

1. É costume judaico lavar a cabeça e o corpo do falecido com água morna. Esta lavagem deve ser feita somente por judeus, e normalmente é feita pelos membros da Chevra Kadisha. Parentes como pai, irmão, cunhado, sogro, e especialmente os filhos não devem participar desta lavagem. 

2. Esta lavagem deve ser feita a portas fechadas, e ninguém além dos responsáveis pela mesma não pode estar presente.

3. Esta de preferência deve ser feita o mais próximo do enterro, sendo que não se deve ter uma interrupção entre a lavagem e o enterro de mais de 3 horas, salvo se não houver outra opção. 

4. Após a lavagem, joga-se sobre o corpo uma quantia de 9 Kabin (pouco mais de 12 litros) de água para purificá-lo, se enxuga completamente o corpo, veste-se mortalhas de linho especialmente preparadas, e no caso de homens, veste-se o Talit por cima das mortalhas (se for possível, deve se usar o Talit que usava em vida para rezar), envolvendo-o finalmente com um lençol antes de colocá-lo no caixão. 

5. Existem aqueles que costumam, após envolver totalmente o corpo, chamar os filhos para amarrar o cinto. 

6. Como existem muitas leis e costumes relacionados com a lavagem, purificação e vestimenta, e muitas preces a serem recitadas, como também existem casos especiais em que esta lavagem não é feita ou feita de forma diferente, sendo que por estes e outros motivos esta deve ser feita apenas pelos membros da Chevra Kadisha e aqueles que tem conhecimento e experiência.
 


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