terça-feira, 18 de outubro de 2011

Tu B'Shevat


O Ano Novo das Àrvores
Entre as diversas festas e comemorações do Povo Judeu, a única e especial é Tu B'Shvat , que se festeja no dia 15 do mês de Shevat e que marca o Ano Novo das Árvores.
Enquanto todas as festividades têm um vínculo estreito com Eretz Israel, Tu B'Shevat é uma festa que nasceu e cresceu da sua terra. É impossível celebrá-la com todo o seu brilho e esplendor fora de Israel, dado que, nesta data o Inverno chega ao fim, as árvores começam a florescer e anunciam, com o seu aroma, aproximação da Primavera, sendo também a época mais propícia para a plantação de árvores.
Na Diáspora, ainda que celebrando-se com limitações, Tu B'Shvat serviu sempre como expressão de nostalgia e desejo de retorno à nossa terra ancestral. Muitas comunidades, especialmente as sefarditas, preparavam uma mesa com frutas do país, as quais se comiam pronunciando as bençãos correspondentes e o tradicional Shehecheianu, agregando-se os rogos: “Seja Tua vontade, Senhor, que possamos chegar proximamente a Eretz Israel e gozar ali de suas boas frutas”.
Esta festa, que também é conhecida pelo povo como Festa das Plantações, tem sua origem na Mishná, que fixa esta data como o Ano Novo das Árvores:
"“Os quatro novos anos são: o primeiro do mês de Nissan, Ano dos reis e das Festividades; o primeiro de Elul, Ano Novo do dízimo dos animais; o primeiro do mês de Tishrei é o princípio do ano no calendário, do ano sabático e do Jubilei; e o primeiro do mês de Shevat é o Ano Novo da Árvore, segundo a Escola de Shamai. A Escola de Hilel disse: o quinzenavo dia desse mês” (Tratado de Rosh HaShaná).
Segundo a tradição, este é o dia de juízo para as árvores; de acordo ao seu destino, assim será o do Povo Judeu, como disse o profeta Isaías: “Porque segundo os dias das árvores serão os dias de Meu povo”.
Tu B'Shvat, ademais, constitui o ponto de referência para todo o vínculo aos dízimos e demais mitzvot que dependem da terra.

Leis e Costumes
A Torá revela-nos a que é muito importante plantar árvores e que sobressaem as suas qualidades, até ao ponto que nossos Sábios chegaram a compará-las com os homens.
Um dos primeiros preceitos que se ordenou aos filhos de Israel ao estabelecerem-se na sua terra, é a mitzvá da plantação (“E quando entrardes à terra e planteis toda a classe de árvores ...” Vaikrá 19). Também a Torá proíbe a destruição das árvores “porque a árvore do campo não é homem para vir contra ti no sítio e conquista de tuas cidades”.
No dia de Tu B'Shvat, muitos meninos de Israel organizam alegres e coloridos desfiles para plantar árvores em diversos lugares mas a principal tradição que caracteriza esta festa, tanto em Israel como na Diáspora é a de comer frutas. Este costume foi estabelecido pelos Cabalistas de Safed no século XVI, que festejavam Tu B'Shevat com grande solenidade, expressando suas esperanças messiânicas e seus desejos de redenção.
Estes Cabalistas costumavam comer as frutas numa cerimônia especial que denominava “Seder da noite de Tu B'Shvat”, que ainda se pratica nas comunidades sefarditas.
Este singular “Seder”, similar ao de Pessach, realizava-se na sinagoga ou em casa de um membro destacado da comunidade, em volta de mesas cobertas com toalhas brancas decoradas com ramos de plantas aromáticas, flores e plantas. Sobre as mesas se encontravam as velas festivas e recipientes com vinho tinto e branco. Os presentes liam parágrafos das nossas fontes que tinham relação com os produtos da terra, estudando-se também o Talmud e Zohar (Cabalá). Durante o transcurso da cerimônia  bebiam-se quatro taças de vinho e comiam-se diversos tipos de frutas, de acordo com uma ordem estabelecida, pronunciando-se as bênçãos correspondentes. De seguida finalizavam a celebração com cânticos e bailes, pronunciando o seguinte rogo:
"“Seja Tua vontade, que por virtude das frutas que temos comido, se encham as árvores de abundância, para fazê-los crescer novamente e cultivá-los desde o começo até finais do ano, para o bem e a bênção, para uma vida feliz e para a paz”..
Tu B'Shvat é considerado como um dia semi-festivo, portanto não se dizem Tachanunim (súplicas de arrependimento) nas orações de Shacharit e de Minchá da véspera. Tampouco se costuma fixar jejuns particulares.
Como se costuma comer diversos tipos de frutos, em especial os que pertencem às sete espécies de Eretz Israel (trigo, cevada, uva, figo, romã, azeitona e tâmara), devem-se estudar as regras sobre as bênçãos correspondentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário